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Os dinossauros saurópodes são conhecidos por terem sido grandes herbívoros, lembrados por seus pescoços e caudas alongados. Diante do tamanho que esses seres podiam chegar, pesquisadores procuram entender como o gigantismo dos animais influenciou aspectos de fisiologia, alimentação e locomoção.
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Um estudo, liderado por pesquisadores brasileiros e publicado na revista científica Palaeontology em agosto de 2025, analisou espécies de saurópodes Uberabatitan ribeiroi e Neuquensaurus australis. Elas foram descobertas, respectivamente, no município brasileiro de Uberaba (MG) e próximo ao rio argentino Neuquén. E, segundo os especialistas, são capazes de ficar sobre as patas traseiras por longos períodos.
Embora considerados de pequeno porte dentro do grupo, esses saurópodes podiam permanecer em postura bípede ou tripodal – com apoio adicional da cauda – em idade jovem. Isso lhes concedia vantagens de sobrevivência que vão desde facilidades na alimentação até proteção contra predadores.
“Saurópodes menores, como esses, possuíam uma estrutura óssea e muscular que lhes permitia ficar em pé com mais facilidade e por mais tempo sobre as patas traseiras. Os maiores provavelmente também conseguiam se levantar, mas por menos tempo e com menos conforto, já que a posição gerava muito estresse no fêmur”, explica Julian Silva Júnior, primeiro autor do estudo, em à Agência FAPESP.
Reconstrução fóssil e simulação de estresse
Para verificar a vantagem funcional encontrada em dinossauros que viveram há cerca de 66 milhões de anos, os cientistas trabalharam com a reconstrução digital de sete espécies diferentes de saurópodes. Baseados em fósseis encontrados em coleções pelo mundo, os modelos refletiam as diferenças anatômicas de cada linhagem evolutiva.
A partir disso, foram realizadas simulações com análise de elementos finitos (FEA), um método computacional que avalia o comportamento de objetos – no caso, o osso – sob forças físicas. Quais forças estariam em jogo quando os dinossauros se apoiavam nas patas traseiras?
O Uberabatitan ribeiroi, descoberto em 2004 na cidade mineira de Uberaba, é considerado o maior dinossauro brasileiro já encontrado, ultrapassando os 4 metros de altura e os 20 metros de comprimento — Foto: Reprodução/Rodolfo Ribeiro Enquanto a primeira simulação consistia na consideração de forças externas, ou seja, da gravidade e do próprio peso do animal sobre o fêmur, a segunda levou em conta o estresse causado pela força muscular envolvida no movimento de se erguer. “A combinação dos dois cenários indica o nível de estresse suportado por cada espécie”, descrevem os autores no estudo.
Os dois saurópodes da América do Sul foram os que apresentaram os menores níveis de estresse nos fêmures, ao ponto que resultados sugerem que eles poderiam ficar em postura bípede por longos períodos.
“Os maiores tinham músculos muito grandes e até fêmures gigantes, mas não o suficiente para suportar o peso. Isso não quer dizer que não conseguiam se levantar, mas provavelmente escolhiam o melhor momento para fazê-lo”, descreve Silva Júnior.
Alcance de folhas em partes altas de árvores, proteção diante de predadores em potencial e facilidade em processos reprodutivos são algumas habilidades que o Uberabatitan ribeiroi e Neuquensaurus australis poderiam ter mais desenvolvidas por conta de seus tamanhos e suas estruturas ósseas.
Ainda assim, os pesquisadores destacam que as simulações não levaram em conta a cartilagem presente nos ossos, um fator que dissipa o estresse de forma significativa. O papel da cauda também não foi abordado, o que abre possibilidades para pesquisas futuras que busquem mais detalhes sobre o antigo comportamento desses gigantes de milhões de anos atrás.
Além de estruturas ósseas que colaboraram para crescimento dos saurópodes, alguns dos dinossauros do grupo tinham uma “almofada” de tecido mole sob o calcanhar como mecanismo de amortecimento do próprio peso em terra — Foto: Tadek Kurpaski/Wikimedia Commons Quando falamos que essas espécies eram consideradas pequenas dentro dos saurópodes, não se deve esquecer a escala que está abordada. Tanto o Uberabatitan ribeiroi quanto o Neuquensaurus australis tinham o tamanho de um elefante moderno, sendo que o primeiro possui o atual título de maior dinossauro brasileiro já encontrado.
Várias hipóteses tentam explicar como animais tão grandes e pescoçudos conseguiram sobreviver no período Cretáceo. Uma delas defende que os segredo para o tamanho dos saurópodes estava em seus ossos: ocos e cheios de ar, alguns deles chegavam a ser mais leves que ossos sólidos, permitindo que seus pescoços fossem mais longos.
Segundo destaca este artigo do Museu de História Natural, os ossos mais leves do grupo estavam associados ao seu sistema respiratório, que era semelhante ao das aves modernas. Diferente de humanos e outros mamíferos, que precisam inspirar para obter oxigênio, esses dinossauros conseguiam absorver ar fresco até mesmo quando expiravam. Isso teria ajudado no transporte de oxigênio e colaborado no crescimento dos pescoços e do resto do corpo.

há 13 horas
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