Vídeo impressionante mostra sobrevoo pelo relevo labiríntico de Marte; assista

Em comunicado publicado no dia 2 de outubro, o órgão descreve a experiência como um “voo hipnotizante aos canais curvos escavados pela água, ilhas que resistiram à erosão e um labirinto de terrenos montanhosos”. O passeio começa em um canal de escoamento com 1.300 km de extensão chamado Shalbatana Vallis, que desce em cascata da região montanhosa de Xanthe Terra até as terras baixas de Chryse Planitia.

Acredita-se que, bilhões de anos atrás, a água fluiu por essa região, criando muitas das características que podem ser vistas hoje. Por fim, a viagem culmina em uma vista espetacular de uma cratera de impacto de 100 km de largura, formada na superfície de Marte, a qual pode ter se formado quando o planeta colidiu com uma enorme rocha espacial. Veja:

Batizada pela União Astronômica Internacional em 1979, após os primeiros mapeamentos detalhados feitos por sondas espaciais, Xanthe Terra significa literalmente “terra amarelo-dourada” – uma referência à coloração característica da superfície marciana. O equipamento responsável pelas imagens foi desenvolvido com financiamento da DLR, a agência espacial alemã, que também lidera parte das análises científicas do material.

Durante o voo registrado no vídeo divulgado recentemente, é possível observar a nave cruzando a chamada “fronteira da dicotomia marciana”, uma divisão geológica que separa as crateras acidentadas das terras altas do sul das planícies mais planas do norte. Essa transição, afirmam os cientistas do DLR, em nota, é uma das maiores incógnitas da geologia de Marte. Ainda não se sabe por que o planeta apresenta uma diferença tão marcante entre essas duas metades.

Outro destaque das imagens é a presença de canais de escoamento profundamente esculpidos, indícios de que enormes fluxos de água já moldaram a superfície marciana em um passado distante. Segundo o portal Live Science, essas formações provavelmente se desenvolveram durante inundações catastróficas que envolveram quantidades colossais de água.

As observações da superfície de Marte integram o objetivo de compreender a história geológica e climática da Mars Express e, em última instância, avaliar se o planeta já abrigou condições favoráveis à vida. Desde 2003, a sonda vem orbitando o planeta em uma missão que inicialmente duraria apenas dois anos.

Mais de 20 anos depois, ela continua em operação, acumulando prêmios científicos e sucessivas extensões de sua jornada. “Por mais que já possa estar sentindo a idade, ela continua a levantar a tampa sobre o Planeta Vermelho, com implicações para nossa compreensão de nosso próprio lar”, escreveu a ESA em comunicado publicado em 2023.

Cada novo sobrevoo da Mars Express oferece não apenas uma visão mais detalhada de Marte, mas também pistas sobre a própria evolução da Terra. Vale lembrar que os dois mundos vizinhos foram formados sob condições semelhantes, mas seguiram destinos radicalmente diferentes.