ANUNCIE AQUI
Abra e feche o seu punho. Essa é a quantidade estimada de plástico para matar um animal marinho, em média. Isto é o que revela um estudo publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). Pela primeira vez, a fatalidade foi quantificada: a ingestão de 6 a 405 fragmentos de macroplástico – ou um volume entre 0,044 e 39,89 cm³ de comprimento corporal – leva a uma probabilidade de morte de 90%.
Há décadas, cientistas alertam que o lixo plástico prejudica aves, tartarugas, focas, golfinhos e baleias. A novidade, porém, está na mensuração exata do ponto de ruptura entre ingestão e mortalidade.
Em comunicado, Britta Baechler, da Ocean Conservancy afirmou que o que mais a surpreendeu foi a pequena quantidade de plástico necessária para se tornar mortal aos animais. Erin Murphy, também da instituição, reforçou: “já sabemos há muito tempo que criaturas marinhas de todos os tipos e tamanhos estão ingerindo plástico. O que nos propusemos a entender foi quanto é demais”.
O novo estudo é o tipo de pesquisa necessária para trazer à luz novas políticas públicas que mirem a redução da poluição desenfreada de resíduos plásticos no meio ambiente.
Pesquisadores tomaram 10.412 autópsias de animais mortos como base para as suas análises. Do número, 1.537 aves marinhas de 57 espécies, 1.306 tartarugas de sete espécies e 7.569 mamíferos marinhos de 31 espécies. Desses, 21,5% continham algum tipo de plástico em seu trato digestivo.
A contaminação por macroplásticos – objetos de análise do estudo – foi particularmente expressiva entre metade das tartarugas, seguida por um terço das aves marinhas e por 12% dos mamíferos marinhos. Em meio aos casos registrados, um episódio chamou a atenção dos pesquisadores: “houve uma baleia-cachalote que morreu após engolir um balde inteiro que se desfez em seu estômago e causou uma obstrução”, relatou Baechler.
Entre os 10 mil animais mortos analisados pelos pesquisadores estava um albatroz com uma garrafa plástica inteira em seu trato digestivo — Foto: Rodrigo Soldon Souza/Flickr As quantidades para que a ingestão se torne letal, por outro lado, variam de animal para animal. Para um papagaio-do-mar, menos do que três cubos de açúcar bastariam para levá-lo à morte. Duas bolas de tênis seriam suficientes para uma tartaruga-marinha. E uma bola de futebol equivaleria ao volume letal para uma foca ou um golfinho. Já entre as aves marinhas, seis pequenos pedaços de borracha – cada um menor que uma ervilha – já representam 90% de chance de mortalidade.
Nem todos os plásticos, mas sempre um
A vulnerabilidade aos tipos de plásticos não é homogênea. Segundo os pesquisadores, aves marinhas mostraram maior sensibilidade à borracha sintética: seis fragmentos do tamanho de uma ervilha já atingem o limiar letal.
Tartarugas marinhas, por sua vez, sofrem mais com plásticos flexíveis – como sacolas –, para as quais 342 pedaços do mesmo tamanho representam 90% de probabilidade de morte. Entre mamíferos marinhos, especialmente os de grande porte, o perigo maior vem dos detritos de pesca: bastam 28 pedaços menores que uma bola de tênis para matar uma baleia-cachalote.
Os padrões de ingestão refletem essa dinâmica: aves consomem majoritariamente plásticos rígidos (92% dos casos), tartarugas ingerem plásticos flexíveis (69%) e materiais de pesca (58%), enquanto mamíferos marinhos se contaminam principalmente com equipamentos de pesca (72%).
Sacolas plásticas, equipamentos de pesca antigos e outros itens maiores podem ser perigosos para animais grandes e pequenos — Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo Em muitos casos, o plástico é ingerido após uma confusão sensorial dos animais. As tartarugas marinhas, por exemplo, confundem sacolas plásticas com águas-vivas, sua presa natural. A crescente presença desses resíduos, aliados à sua durabilidade, continua a transformar itens descartáveis – garrafas de refrigerante, embalagens de alimentos, sacolas – em riscos constantes à vida animal.

há 19 horas
1
:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2025/X/q/fwqrYtSlW7dorQyLcuBw/robot-holding-baseball-bat-3.jpg)
:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2025/1/c/UDWm5LQsmo4gw729vfCg/800-ollieandricky.jpeg)
:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2025/y/Q/MUIhxVTZW99Tugj6qABQ/cell.png)





Portuguese (BR) ·