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Juntar forças entre as escolas de análise técnica e fundamentalista não apenas faz sentido — pode ser decisivo para capturar grandes oportunidades na Bolsa. Foi o que aconteceu com a recomendação de compra de MDNE3, ação da Moura Dubeux, indicada por analistas da Rico e da XP, que acumulou valorização de 114% entre abril e setembro de 2025.
Em entrevista ao InfoMoney, Bruna Sene, analista de renda variável da Rico, Ruan Argenton, analista do setor imobiliário do research da XP, e Ygor Altero, head do setor imobiliário do research da XP, explicaram como a decisão foi construída a partir de uma leitura macro e microeconômica apurada, complementada por um sinal técnico claro de reversão de tendência.
A união das duas abordagens resultou em uma das recomendações mais certeiras do ano.
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Valuation depreciado e pesquisa em campo
Ruan Argenton relembra que o time da XP já acompanhava a Moura Dubeux desde meados de 2022. “A gente tem uma cobertura desse papel há muito tempo e a gente sabe que o setor de construção civil é muito sensível à percepção da taxa de juros futura”, explica.
Segundo ele, o valuation (avaliação do valor de uma empresa ou ativo) depreciado das construtoras no início de 2025, após um final de 2024 marcado por incertezas fiscais, chamou a atenção para o setor. Mas foi o movimento estratégico da companhia que pesou na decisão.
“A Moura Dubeux é dominante no Nordeste entre as listadas e começou a mostrar que poderia lançar entre R$ 4 bilhões e R$ 4,5 bilhões em 2025 — praticamente o dobro dos R$ 2,5 bilhões que se esperava inicialmente”, observa Argenton.
Além dos dados públicos, o time reforçou a análise com uma visita de campo — um diferencial importante que complementou o estudo fundamentalista. “A gente foi fazer uma site visit mesmo; fomos visitar as operações no Recife, que é uma das principais praças operacionais da Moura Dubeux”, relata.
Foi lá, no bairro Novo Cais, que o time observou o forte desempenho da empresa na ponta das vendas. “Nós vimos que não só os lançamentos estavam acelerando, como também as vendas estavam indo muito acima do que nós esperávamos”, explica.
Essa combinação de aumento de oferta com forte absorção pelo mercado reforçou a expectativa de revisão de lucros para 2025 e 2026.
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“A Moura Dubeux entregando um nível de resultado muito acima do que o mercado esperava fez com que o papel se reavaliasse”, conclui.
O movimento abriu espaço para a valorização expressiva observada nos meses seguintes.
Análise técnica define o melhor timing
Com os fundamentos sólidos sobre a mesa, cabia à análise técnica identificar o melhor momento de entrada. Foi o que fez Bruna Sene. “Olhei para o gráfico para ver se fazia sentido, e casou muito”, explica.
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A técnica indicava um ponto crucial. “O papel tinha feito uma virada de tendência no começo do ano, de fevereiro para março; em março, estava realmente engatando um movimento de tendência de alta”, lembra.
A ação havia acionado um pivô de alta ainda em janeiro e, em abril, superou uma resistência relevante em R$ 12,90.
Mais do que isso, Sene descreve seu método com clareza. “Eu gosto de olhar o gráfico de maneira mais limpa, sem muitos indicadores. Depois eu uso os indicadores mais como base para ir confirmando essa movimentação”, explica.
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Nesse caso, o ativo passou a trabalhar acima das médias móveis de 200, 21 e 42 períodos, o que reforçou a tendência.
Além disso, o papel apresentou outro sinal relevante: aumento expressivo de volume a partir de maio.
“Depois de maio houve um aumento expressivo de volume. Foi uma tendência de alta com aumento de volume, e como não tinha nenhum sinal de reversão, fui mantendo na carteira”, afirma.
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Análise combinada reforça decisão de compra
Sene explica que a Rico estruturou a carteira Top Ações no início de 2025 buscando superar o Ibovespa no longo prazo, com um mix de posições estruturais e táticas.
“A gente começou o ano com um cenário de Bolsa bastante ‘amassado’ e, a partir de abril, já estava com a cabeça de começar a aumentar a parte mais cíclica de qualidade da carteira gradualmente”, diz.
A Moura Dubeux surgiu justamente nesse momento de virada — e com um diferencial importante. “É um nome que o pessoal não conhece muito, Moura Dubeux é um nome pouco conhecido”, destaca Sene. Para ela, esse foi justamente um dos atrativos do case.
A baixa popularidade do papel exigiu mais convicção e reforçou o valor da análise combinada.
“Foi o que me deu um pouco mais de convicção além do técnico. Foi essa análise fundamentalista que o pessoal trouxe, e também essa visão top down (análise de cima para baixo, partindo do cenário macro até o micro) de aumentar a parte mais cíclica do portfólio”, pontua.
Mesmo após forte valorização, o papel seguiu na carteira até setembro. “A tendência principal ainda é de alta e ela ainda não mostrou sinal de reversão”, avalia.
Com o ativo mais esticado, Sene optou por reduzir o peso na carteira, mas manteve a posição. “Estou monitorando essas realizações mais para reforçar ou ajustar novamente o peso na carteira”, diz.
Mesmo com a alta acumulada, Argenton vê espaço adicional para valorização. “Por mais que a Moura Dubeux tenha feito um catch-up (movimento de recuperação em relação a concorrentes) em relação aos pares, como a Cyrela, o setor ainda está historicamente descontado”, afirma.
Ele destaca também o aumento do interesse de investidores nesse papel. “Esse crescimento de volume começa a trazer outros tipos de investidores, com maior porte”, observa.
Outro vetor é a parceria com a Direcional, tradicional construtora/incorporadora voltada à baixa renda. “Essa abertura de leque abre mais possibilidades de crescimento para a Moura Dubeux”, ressalta.
Se bem-sucedida, a iniciativa pode gerar reprecificações futuras, com expansão de mercado nesse segmento mais resiliente.
Técnica e fundamento se completam
Os analistas reforçam que o sucesso da operação se deve justamente à junção das análises.
“A gente costuma muitas vezes falar de análise técnica ou análise fundamentalista, o que funciona… A gente tem uma história bem prática aqui de como juntar as duas coisas funciona super bem”, conclui Sene.
Enquanto a análise fundamentalista mostra o que comprar, a análise técnica aponta quando comprar.
E, quando as duas se encontram — como foi no caso de MDNE3 —, o resultado pode ser expressivo, até mesmo para papéis fora do radar da maioria dos investidores.
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