Traders veem uma das temporadas de resultados dos EUA mais agitadas desde 2022

Investidores estão mais uma vez se preparando para grandes oscilações nas ações no dia de divulgação dos resultados, pagando caro para especular em um mercado que está vacilando após atingir uma máxima histórica.

As opções dos componentes do índice S&P 500 indicam uma flutuação média de 4,7% após os resultados corporativos, mostram dados compilados pela Bloomberg. Esse valor está próximo do nível de julho, quando o movimento antecipado foi o maior para o início de uma temporada de resultados desde 2022, usando a data de divulgação do JPMorgan Chase & Co. como ponto de partida.

O aumento nos preços das opções destaca alguns dos desafios enfrentados pelos investidores que negociam ações que vêm subindo gradualmente, fora de quedas raras como a de 2,7% na sexta-feira, após o presidente Donald Trump ameaçar aumentar tarifas sobre a China.

Foi um lembrete das preocupações latentes sobre o fechamento do governo dos EUA, o impacto nas receitas corporativas das políticas econômicas e disputas comerciais de Trump, e uma possível bolha se formando em ações de inteligência artificial.

Traders pagam para se proteger

“Há muita volatilidade sendo precificada no nível de ações individuais,” disse Mandy Xu, chefe de inteligência de mercado de derivativos da Cboe Global Markets Inc. O rali “tem sido liderado pelos nomes de IA e tecnologia de alto desempenho, onde mais e mais questionamentos estão sendo levantados sobre avaliação e perspectivas de lucros futuros. Esta temporada de resultados será muito decisiva para saber se esse tema continuará a dominar.”

Kieran Diamond, estrategista de derivativos do UBS Group AG, destacou que as flutuações reais das ações após os resultados atingiram um pico nos EUA no último trimestre e vêm aumentando desde 2021 — também na Europa. Estrategistas do Citigroup Inc. apontaram as correlações extremamente baixas entre ações, com volatilidades realizadas e implícitas próximas dos níveis mais baixos em pelo menos uma década.

Volatilidade histórica dos resultados

A volatilidade realizada dos resultados nos EUA e Europa está em tendência de alta, diz UBS.
“O fechamento do governo significa que estamos em um vácuo de catalisadores macroeconômicos, e o posicionamento estava esticado, pelo menos com base nas opções de ações individuais,” escreveu Vishal Vivek, estrategista de negociação de ações e derivativos do banco americano, em um e-mail. “Tudo isso nos prepara para uma segunda metade de outubro/início de novembro interessante,” acrescentou, citando resultados de mega-caps, uma conferência de IA para desenvolvedores e a divulgação de alguns relatórios econômicos.

“Os investidores continuam esperando que histórias específicas de ações impulsionem a volatilidade no curto prazo, mas, ao contrário do último trimestre, os preços das opções subiram em antecipação a essa volatilidade,” escreveram os estrategistas do Citigroup em uma nota na semana passada.

O viés das opções de ações individuais é mais plano do que o dos índices, observaram analistas de mercado, com traders mais propensos a perseguir o rali em empresas específicas — especialmente nomes ligados à IA.

Correlação no nível mínimo

Um fator que tem sustentado os pequenos ganhos de volatilidade nos índices tem sido a baixa correlação. As ações individuais, embora mais voláteis que o S&P 500, têm se movido em direções diferentes, o que ajudou a manter as oscilações do índice moderadas. Agora que um choque macroeconômico ocorreu na forma da ameaça tarifária de Trump, algumas correlações podem voltar a subir.

Nesta temporada, empresas dos setores discricionário, tecnologia e saúde estão se destacando com algumas das maiores flutuações, com o movimento implícito para o primeiro grupo sendo o maior no início de uma temporada de resultados desde 2020, mostram dados compilados pela Bloomberg. Para materiais, a leitura é menor, mas ainda a maior em três anos para o setor.

Onde traders veem mais volatilidade no dia dos resultados

Os traders de opções elevaram a volatilidade implícita para os membros do S&P 500, provavelmente refletindo apostas nas ações do Mag7 em meio ao foco constante em IA e Big Tech. Investidores que buscam montar cestas de dispersão podem estar de olho nos movimentos pós-resultados para encontrar oportunidades, já que a volatilidade implícita normalmente despenca, um efeito particularmente forte após a última temporada de resultados, destacou o JPMorgan em agosto.

Volatilidade implícita do Mag7 é elevada para a temporada de Resultados

Alex Kosoglyadov, diretor-gerente de derivativos de ações globais da Nomura Holdings Inc., disse que o tamanho dos movimentos em empresas como Oracle Corp. e Advanced Micro Devices Inc. levou o mercado de opções a reavaliar outras ações individuais.

“Você teve movimentos realmente violentos em alguns nomes de grande capitalização,” disse ele. “Isso mostra a potência do mercado. As pessoas realmente não querem estar vendidas em volatilidade — você pode ter algum tipo de surpresa nos resultados e um movimento enorme na ação.”

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