Rim de porco falha antes de transplantado quebrar recorde nos EUA

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A tecnologia dos xenotransplantes – transplantes de órgãos animais para humanos – vem ganhando novas perspectivas após experimentos bem sucedidos com pacientes voluntários.

Desde 25 de janeiro deste ano, o americano Tim Andrews estava vivendo com um rim de porco geneticamente modificado dentro do seu corpo. O órgão transplantado, que estava em funcionamento a nove meses, falhou na noite de 23 de outubro, e teve que ser retirado por cirurgiões do Hospital Geral de Massachusetts.

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O homem, que vive no estado americano de New Hampshire, estava a poucos dias de estabelecer um novo recorde de tempo para um órgão de outra espécie num ser humano. Felizmente, Andrews não sofreu complicações no processo de retirada de “Wilma”, apelido colocado no rim em referência ao nome da porca doadora.

Avanços médicos e novos recordes

O processo envolvido no xenotransplante de Andrews é bem mais complexo do que apenas a substituição de um rim por outro. A empresa eGenesis, especializada em transplantes e edição genética, fez a remoção ou a adição de 10 genes para a prevenção de problemas de rejeição imunológica e coagulação, assim como a desativação de 59 sequências de antigos retrovírus incorporados ao genoma do porco e que poderiam ser prejudiciais ao homem.

Apesar de um tempo de funcionamento surpreendente – Andrews já havia superado o recorde específico para um rim de porco –, as edições genéticas e os imunossupressores consumidos pelo paciente não foram suficientes para evitar uma rejeição do organismo ao novo órgão.

 Kate Flock/Massachusetts General Hospital Segundo o American Kidney Fund, mais de 100 mil pessoas esperam por um transplante de rim nos Estados Unidos, sendo que mais de 92 mil delas estão na fila de espera para um rim — Foto: Kate Flock/Massachusetts General Hospital

Andrews, que retornou à diálise, não é mais elegível para receber outro rim de porco por conta do impacto que o xenotransplante teve em sua saúde. Agora, ele busca a doação de rim de um doador humano compatível.

“Eu comparo o experimento a uma viagem à Lua. Sou apenas uma das pessoas nessa jornada que enfrentaram dor, problemas de saúde, além de sofrimento emocional e pessoal, para fazer o programa avançar”, diz, em entrevista à Science.

O recorde que o americano estava perto de bater pertence à também americana Edyth Parker. Em 13 de janeiro de 1964, ela recebeu um transplante de rim de chimpanzé em um hospital em Nova Orleans – o único de seis transplantes que durou mais de dois meses. Parker morreu um dia antes de completar nove meses com o órgão.

Futuro dos xenotransplantes

A tecnologia por trás do avanço dos xenotransplantes envolve o CRISPR, uma ferramenta de edição genética que atua como uma “tesoura genética”, permitindo a adição, remoção ou correção de sequências de DNA.

Outros xenotransplantes de órgãos como coração, pulmões e fígados vindos de porcos modificados já foram realizados, porém nenhum paciente sobreviveu mais que alguns meses após a substituição.

Entre históricos de falhas e sucessos, cientistas continuam trabalhando em novos processos e medicamentos que possam diminuir a rejeição do corpo a um órgão com potencial de melhorar a qualidade de vida do paciente, até que encontre um doador humano compatível.

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