Esta espécie de macaco compartilha comida de forma semelhante aos humanos

há 16 horas 1
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Assim como os humanos, os primatas mantêm organizações sociais próprias para compartilhar recursos. Os grupos de babuínos-da-guiné (Papio papio), por exemplo, têm o hábito de dividir carne entre si, como investigou um estudo sobre esses padrões de comportamento publicado na última edição da revista iScience.

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A pesquisa buscava entender como o sistema social dos babuínos-da-guiné influencia a prática de compartilhar recursos. Para isso, a equipe observou esses animais durante 9 anos, no Senegal, na África Ocidental. Durante a pesquisa de campo, a equipe focou em observar eventos envolvendo comportamentos e a transferência de recursos.

Os babuínos vivem conectados em um sistema social multinível. Uma dessas categorias é a unidade, composta por um macho, uma ou mais fêmeas e seus filhotes. Já o grupo é composto por 3 ou 4 unidades que possuem algum tipo de relação mais próxima (normalmente, os machos são parentes). Quando ocorre a junção de 2 a 3 grupos, é formado uma gangue. Os laços mais íntimos e próximos tendem a acontecer dentro das unidades, que compõem as famílias com poucos membros.

Ao todo, a equipe analisou 320 casos envolvendo compartilhamento de carne, algo que ocorreu de forma mais significativa entre os machos e fêmeas da mesma unidade ou entre machos do mesmo grupo. Segundo os pesquisadores, esse compartilhamento dependia da proximidade social entre eles.

 Lauriane Faraut Um babuíno-da-guiné adulto (Papio papio) capturando um Imbabala (Tragelaphus scriptus) — Foto: Lauriane Faraut

Entre as unidades sociais mais próximas, a divisão de carnes acontecia de forma passiva, sem brigas e sem conflitos. No entanto, nos casos de grupos maiores, partilhar alimentos era algo menos frequente e podia envolver brigas. “Conseguimos demonstrar que os babuínos-da-guiné transmitem carne através de seus laços sociais”, disse William O'Hearn, principal autor do estudo, em comunicado.

“Essa forma de compartilhamento tolerante lembra o comportamento de grupos humanos de caçadores-coletores, onde a carne é primeiro distribuída dentro da família e só então chega a conhecidos ou vizinhos mais distantes”, explica.

Pesquisadores também analisaram modelos estatísticos em conjunto com suas observações comportamentais para medir a força dos relacionamentos entre os babuínos. Como resultado, os indivíduos tinham maiores chances de conseguir um pedaço de carne caso tivessem uma relação próxima com o “dono” — aquele que caçou ou encontrou o alimento. As carnes entre os babuínos-da-guiné não são compartilhadas ativamente, normalmente, um deles come a carne e deixa a carcaça para que outro possa comer posteriormente.

"Isso sugere que certos padrões sociais podem ter se desenvolvido independentemente em humanos e primatas não humanos, mas de maneiras comparáveis", afirma a coautora do estudo, Julia Fischer.

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