Restos mortais de santo da igreja ortodoxa são achados sob catedral na Rússia

há 1 semana 6
ANUNCIE AQUI

Em uma descoberta que mistura história, fé e investigação arqueológica, especialistas russos localizaram os restos mortais do Metropolita Hilarion, um dos mais influentes santos da Igreja Ortodoxa no século 17, sob a Catedral da Natividade da Virgem Maria, em Suzdal. A investigação, conduzida entre outubro de 2024 e abril de 2025, encerra quase um século de incertezas sobre o paradeiro exato dos ossos do religioso, canonizado em 1982.

Article Photo

Article Photo

Hilarion (nascido Ivan Ananyev, em 1631) governou a metrópole de Suzdal e Yuryev a partir de 1682, período em que a cidade viveu profundas transformações urbanas e religiosas. Segundo comunicado do Instituto de Arqueologia da Academia Russa de Ciências, publicado no dia 30 de outubro, sua liderança foi determinante para a elevação de Suzdal ao status de metrópole e para reformas que incluíram pavimentação inédita, reconstrução de igrejas e obras estruturais no Kremlin local.

Hilarion morreu aos 77 anos, em dezembro de 1708, e foi sepultado no lado norte da catedral. A localização do túmulo era anteriormente conhecida, marcada por uma inscrição em russo antigo, e incluía relatos populares de milagres atribuídos ao religioso. Durante o período soviético, entretanto, a sepultura foi violada.

Em 1934, uma comissão estatal ordenou a exumação do corpo, que foi transferido para coleções museológicas, como forma de preservá-lo durante as perseguições religiosas. Só após onze anos, o então diretor do museu local, Alexei Dmitrievich Varganov, liderou um novo sepultamento, devolvendo os restos mortais ao local original. Embora tenha registrado minuciosamente o procedimento, desta vez, o ponto não recebeu marcações visíveis acima do solo.

Assim, os restos mortais só foram novamente localizados em outubro de 2024, quando arqueólogos e restauradores removeram suportes de tijolos instalados na era soviética, revelando uma pequena caixa de madeira de 1 metro por 40 centímetros, escondida sob entulho. Dentro dela, estavam fragmentos ósseos, um crânio com adorno de cabeça, partes de vestes episcopais, partes do caixão original e uma cruz de madeira.

 Instituto de Arqueologia da Academia Russa de Ciências Os restos mortais do Metropolita Hilarion sob cobertura, após a abertura da tampa do caixão. O caixão, de 1945, está coberto com tecido, e as tábuas da tampa trazem a inscrição — Foto: Instituto de Arqueologia da Academia Russa de Ciências

Na tampa do caixão, uma inscrição a lápis, feita em 1945, confirmava a identidade do sepultado: “Restos mortais do PRIMEIRO METROPOLITANO DE SUZDAL ILLARION. †1707 /Foi aberto em 1935 por uma comissão especial/”. A data de morte, porém, diverge dos registros epigráficos da própria catedral, que situam o falecimento em 1708.

A etapa mais complexa das escavações ocorreu em abril de 2025, quando uma estrutura de elevação permitiu retirar temporariamente a grande laje branca que cobria o túmulo. Sob ela, os arqueólogos encontraram o sarcófago original, construído com tijolos grandes e argamassa de cal, além de uma abóbada colapsada.

 Instituto de Arqueologia da Academia Russa de Ciências Processo de limpeza e registro documental da sepultura — Foto: Instituto de Arqueologia da Academia Russa de Ciências

Dentro da estrutura, havia mais de cinquenta fragmentos ósseos e numerosos pedaços de tecidos litúrgicos. Toda a ossada foi enviada para análise antropológica em Moscou.

Essa análise identificou 62 fragmentos pertencentes a um único homem, acima de 60 anos — faixa etária que corresponde ao Metropolita Hilarion. Foram observadas alterações típicas da idade avançada, incluindo osteoartrose e osteocondrose, além de doenças dentárias.

 Instituto de Arqueologia da Academia Russa de Ciências Fragmento de uma inscrição em uma lápide encontrada durante a limpeza do terreno — Foto: Instituto de Arqueologia da Academia Russa de Ciências

As características ósseas e o contexto histórico confirmaram a autenticidade dos restos mortais do santo. Após os exames, a ossada de Metropolita Hilarion foi entregue à Diocese de Vladimir. Hoje, meses depois das análises, os seus restos repousam em um novo relicário na Igreja da Ressurreição, na Praça do Mercado de Suzdal.

Ler artigo completo