Projeto reconstitui os sons que dinossauros faziam há 70 milhões de anos; escute

há 3 semanas 4
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A clássica franquia de Jurassic Park desperta a nossa imaginação sobre como seria a aparência e os sons emitidos por animais pré-históricos. Porém, paleontólogos ainda não sabem ao certo qual é o verdadeiro som emitido por diferentes dinossauros.

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A pesquisadora Courtney Brown, da Universidade Metodista Meridional, nos Estados Unidos, desvendou agora, pelo menos, como era o rugido do Corythosaurus, um dinossauro herbívoro que viveu há 70 milhões de anos.

Para a pesquisadora, o conhecimento sobre paleontologia e música podem contribuir para conectar o passado e o presente. Após décadas de estudo, a partir de crânios de Hadrosaurus (grupo ao qual pertence o Corythosaurus), Brown construiu instrumentos musicais.

Em 2011, durante uma viagem, a especialista visitou um museu no Novo México que tinha exposições imersivas sobre dinossauros. Em uma das atrações, ela ouviu o som emitido por um Parasaurolophus um hadrosaurus herbívoro, que tinha uma crista longa na cabeça. O momento aguçou sua curiosidade e deu início ao seu projeto de estudo.

"Apertei o botão [da exposição], ouvi o som e foi incrível", recorda Brown, em comunicado publicado no último sábado (13). "Eu também achava que dinossauros eram cantores, porque eu também sou cantora. Me senti muito conectada aos dinossauros, possivelmente pela primeira vez.”

A pesquisadora começou a construir o primeiro instrumento do que ela chamou de "Coro dos Dinossauros" (Dinosaur Choir, em inglês) após dar início ao seu doutorado em artes musicais. Para fazer o estudo, Brown utilizou tomografias computadorizadas dos crânios do Corythosaurus adolescente, no intuito de analisar a manifestação da voz desses dinossauros.

Posteriormente, foi feita uma impressão 3D da crista da cabeça da criatura, a fim de mapear as estruturas internas e as vias aéreas do dinossauro. Com esses dados, foi possível criar um modelo físico das câmaras de ressonância do exemplar.

Isso possibilitou soprar ar pelas vias artificiais do modelo e analisar os sons. Assim, a pesquisadora reproduziu a voz que provavelmente os Corythosaurus faziam há milhões de anos atrás.

Entre 2011 e 2013, a pesquisadora conseguiu finalizar o seu primeiro modelo instrumental, que parecia um trompete por ser tocado com a boca. O instrumento fazia o ar vibrar uma laringe mecânica, assim, o som se expandia pelas vias aéreas do crânio impresso em 3D.

Em 2021, o professor Cezary Gajewski, especialista em construção de objetos, se uniu ao projeto de Brown. A dupla analisou as tomografias computadorizadas e os modelos 3D do Corythosaurus.

O maior desafio surgiu durante a pandemia de Covid-19: os pesquisadores queriam que as pessoas pudessem tocar o instrumento sem precisar encostar no contato bucal. Para driblar essa questão, eles equiparam sensores nos instrumentos que eram capazes de captar as vibrações da voz ou da respiração para convertê-las em sinais elétricos. Veja como funciona no vídeo a seguir:

Posteriormente, os sinais eram enviados para uma caixa de voz digital e as ondas de ar eram mandadas para um alto-falante, replicando a voz do dinossauro. Além disso, para que o som não sofresse alterações devido às mudanças no formato da boca, essa região do corpo era rastreada por uma câmera.

A caixa vocal continha uma diversidade de modelos digitais, que poderiam ser trocados. Um dos modelos era baseado no órgão vocal dos pássaros, chamado siringe. O modelo foi incluído após um estudo realizado em 2023 sugerir que a laringe fossilizada dos dinossauros tinham características semelhantes às das aves. Isso levantou a hipótese de que alguns dinossauros poderiam emitir sons iguais aos dos pássaros atuais.

Acessibilidade ao público

Para que as pessoas possam ter a experiência de tocar instrumentos do "Coro dos Dinossauros", Brown quer disponibilizar os projetos de impressão 3D online.

Segundo Gajewski, não é barato fazer a impressão do instrumento, mas é algo que pode valer a pena para os músicos ou entusiastas de impressão 3D. O software Dinosaur Choir será lançado online nos próximos meses. Pessoas com impressora 3D, câmera e microfone poderão experimentar o instrumento pela internet.

Agora, Brown quer descobrir mais vozes a partir da pesquisa atual, inclusive de um herbívoro que viveu há mais de 100 milhões de anos, chamado nodossauro. A criatura possuía um formato espiral em sua passagem nasal. Segundo a pesquisadora, um fóssil desse dinossauro foi encontrado na década de 1990, no Condado de Tarrant, e as tomografias computadorizadas do animal são de código aberto.

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