Por que soluçamos e lacrimejamos ao comer alguma coisa muito apimentada?

Mas por que isso acontece? Bem, a causadora da maioria dessas reações no corpo humano é a capsaicina, uma molécula presente em quase todas as pimentas famosas, principalmente as do gênero Capsicum. Isso inclui:

Quando você come a pimenta, a capsaicina é dispersada na sua boca. Isso ativa os receptores TRPV1 que estão localizados dentro da cavidade (e existem também em outros tecidos do corpo). Esses receptores são encarregados de detectar substâncias quentes, como água fervente ou comida pelando. É uma função importante: esses alimentos e bebidas superaquecidos podem danificar seu corpo.

Por isso, quando o cérebro recebe mensagens desses receptores TRPV1, ele reage com sinais de dor, fazendo com que a gente queira se livrar do que for que esteja em nossas bocas.

Para o azar dos fãs de pimenta (ou sorte, vai saber!), a capsaicina se encaixa nesses receptores TRPV1. Por isso, mesmo que a comida em si não esteja quente, eles são ativados e seu sistema nervoso acha que você está superaquecendo. E aí o corpo aciona todos os mecanismos de resfriamento que conhece na tentativa desesperada de fazer você voltar ao normal.

Isso inclui a tosse, que não é necessariamente um método de resfriamento, mas uma forma clássica de expulsar materiais estranhos do trato respiratório. E inclui também todos os outros sintomas que comentamos: os olhos lacrimejando, o nariz escorrendo, o suor e os soluços. Quanto mais capsaicina a pessoa tiver comido, pior a situação.

Aliás, não é preciso nem comer a pimenta pra sentir tudo isso: em certos casos, lavar, picar e fritar pimentas pode fazer com que moléculas de capsaicina se espalhem pelo ar. Isso faz com que sejam inaladas e irritem os pulmões, causando tosse, engasgos e desconforto ao respirar.

Para combater os sintomas, a recomendação médica é beber leite, que contém caseína, uma proteína que se conecta a moléculas de gordura (como a capsaicina) e as carrega para o trato digestivo, onde não farão estrago.