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Arqueólogos israelenses descobriram no sítio arqueológico de Nahal Ein Gev II uma estatueta esculpida há cerca de 12 mil anos por um jovem caçador-coletor que vivia às margens do Mar da Galileia. A pequena figura de argila representa um ato sexual entre uma mulher e um ganso, uma das espécies mais comuns da região.
As escavações foram conduzidas pela Profa. Leora Grosman, da Universidade Hebraica de Jerusalém, desde 2010. Trata-se da estatueta mais antiga já registrada a representar uma interação entre humanos e animais. A descoberta foi publicada na segunda-feira (17) na revista PNAS.
De acordo com os pesquisadores, o objeto com cerca de 3,7 centímetros de altura apresenta uma cena imaginativa que condiz com as crenças animistas presentes em sociedades humanas há milhares de anos. “Um ganso de verdade não adotaria esse tipo de posição sobre uma mulher, e, portanto, entendemos que essa é uma cena imaginária, e não real”, disse Laurent Davin, da Universidade Hebraica de Jerusalém, um dos autores do estudo, ao site The Times Of Israel.
Segundo a crença animista, animais e objetos possuem espíritos. Essa ideia era comum em muitas culturas antigas e continua em algumas localidades até os dias de hoje. Por exemplo, na mitologia grega, Zeus, o rei dos deuses, assumiu a forma de um cisne para seduzir Leda, a rainha de Esparta, que então deu à luz gêmeos: um filho de Zeus e o outro de seu marido mortal, Tindáreo. “Isso pode acontecer em sonhos eróticos, em visões xamânicas, em narrativas e muito mais”, cita Davin.
Leore Grosman e oLaurent Davin, da Universidade Hebraica de Jerusalém, com a estatueta de argila natufiana — Foto: Hadas Goldgeier/Universidade Hebraica de Jerusalém Na estatueta, um gancho macho está posicionado atrás da mulher, que pode ser identificada pelo formato característico de seus seios e da região pubiana feminina. A cabeça do pássaro, com seu bico visível, parece repousar sobre o ombro da mulher. As asas a envolvem em uma espécie de abraço.
Ou seja, tudo indica que o animal foi representado vivo. "Sabemos que os caçadores removiam a cabeça e os pés dos gansos depois de caçá-los, então uma carcaça de ganso transportada para a aldeia não teria a aparência de um ganso inteiro", observa o pesquisador. "Além disso, a mulher está inclinada para a frente, o que não seria necessário para transportar uma ave que pesa apenas dois ou três quilos".
Leore Grosman e Laurent Davin, da Universidade Hebraica de Jerusalém, durante as escavações de Nahal Ein Gev II, perto do Mar da Galileia — Foto: Daniel Rolider/Universidade Hebraica de Jerusalém A estatueta da mulher e ganso é uma das várias estatuetas descobertas no sítio natufiano localizado a aproximadamente 2 km do Kibutz Ein Gev, às margens da nascente de Ein Gev. Os natufianos foram um elo crucial entre os últimos caçadores-coletores do Paleolítico e os primeiros agricultores do Neolítico, tendo vivido entre 15.000 e 11.700 anos atrás.
“Os natufianos construíram as primeiras aldeias da humanidade”, disse Davin. “Eles ainda eram caçadores-coletores, não produziam seu próprio alimento, mas criaram estruturas de pedra circulares ou semicirculares onde viviam".
Diferentes ângulos da estatueta de 12 mil anos de idade — Foto: Laurent Davin/Universidade Hebraica de Jerusalém Anteriormente, os arqueólogos também encontraram em Nahal Ein Gev as primeiras evidências de tecnologia de roda e produção de gesso. O sítio arqueológico estende-se por pelo menos 1.000 m², onde foram achados os restos de pelo menos seis edifícios.
“Um dos edifícios era usado para enterrar pessoas”, conta o autor. “Encontramos os restos mortais de pelo menos 20 indivíduos enterrados sob uma camada de gesso de cal. Mais tarde, o edifício foi abandonado, mas depois de algum tempo, as pessoas voltaram e enterraram outros objetos ali, incluindo essas estatuetas".
Natalie Munro, da Universidade de Connecticut, em Storrs, e o Laurent Davin, da Universidade Hebraica de Jerusalém, com a estatueta de argila natufiana de 12.000 anos — Foto: Daniel Rolider/Universidade Hebraica de Jerusalém Por muitos anos, os pesquisadores acharam que as estatuetas eram apenas pedras, mas essa percepção mudou ano passado. Na estatueta da mulher com o ganso, foi descoberta inclusive uma impressão digital de um um jovem adulto ou uma mulher, além de vestígios de pigmentos indicando que o objeto foi total ou parcialmente colorido de vermelho.
Conforme indicam ossos descobertos no sítio, os gansos eram um alimento básico na dieta da comunidade de Nahal Ein Gev. “Sabíamos que os natufianos caçavam gansos, mas enquanto em outras aldeias os gansos eram apenas uma das espécies que seus habitantes caçavam e comiam, em Nahal Ein Gev eles eram a espécie dominante”, disse Davin.
“Sabemos que eles também arrancavam as penas, provavelmente para usá-las como ornamento, e isso nos mostra que havia uma conexão simbólica com os gansos, que também se manifesta na estatueta", acrescenta.

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