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Uma descoberta arqueológica recente está lançando luz sobre as rotas comerciais que cruzavam o Mediterrâneo Oriental há mais de 2 mil anos. Durante escavações subaquáticas, uma equipe internacional de pesquisadores localizou três conjuntos distintos de cargas de navios da Idade do Ferro concentrados no mesmo ponto do porto de Dor, na Costa do Carmelo.
O achado resulta de uma colaboração entre a Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD) e a Universidade de Haifa, e seus resultados foram compartilhados em um artigo publicado na revista Antiquity em maio deste ano. Segundo comunicado publicado pelos autores no dia 14 de outubro, seu projeto oferece “evidências raras e diretas de comércio em um tempo até então compreendido sobretudo por achados em terra”.
Combinando tecnologia de ponta, como modelagem 3D, imagens multiespectrais e mapeamento digital, com escavações arqueológicas tradicionais, a equipe investigou cerca de 25% do banco de areia de Dor. Mesmo com grande parte da área ainda inexplorada, os resultados já apontam para um passado de centro marítimo dinâmico, cujas fortunas variaram conforme as marés geopolíticas.
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Três naufrágios, três momentos da Idade do Ferro
As cargas identificadas, nomeadas Dor M, Dor L1 e Dor L2, representam fases distintas da Idade do Ferro. Cada uma delas revela mudanças nos cenários econômicos e políticos da região, apontam os especialistas no estudo.
Dor M, a mais antiga, data do século 11 a.C., inclui jarros de armazenamento e uma âncora com inscrições em escrita cipriota-minoica. As análises indicam ligações comerciais com o Egito, Chipre e a costa fenícia, corroborando registros literários antigos que descrevem viagens marítimas pela região nessa mesma época.
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O segundo conjunto, Dor L1, remonta ao final do século 9 ou início do 8 a.C. e contém jarros e tigelas de paredes finas em estilo fenício. Embora não haja indícios de comércio com o Egito e Chipre, o achado mostra que, mesmo em períodos de retração nas importações, a navegação local se manteve ativa.
Já Dor L2, o mais recente e melhor preservado, data do final do século 7 ou início do 6 a.C. e inclui ânforas com alças de cesto em estilo cipriota e blocos de ferro bruto (floretes) – sinal de um comércio de metais em escala industrial. O conjunto coincide com uma fase de grande prosperidade regional sob o domínio dos impérios assírio e babilônico.
Situada em um ponto estratégico do Mediterrâneo Oriental, Dor foi por séculos um elo vital entre as rotas comerciais egípcias, fenícias e mesopotâmicas. A antiga lagoa, protegida por três ilhotas, preserva vestígios de cais, âncoras de pedra e estruturas artificiais semelhantes a molhes (estruturas de engenharia costeiras).
Assim, os pesquisadores acreditam que novos artefatos devem ser revelados com a continuação das escavações. Para eles, isso pode oferecer uma visão cada vez mais detalhada sobre o comércio, o poder e as transformações culturais que moldaram o Mediterrâneo antigo.
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