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Em algumas colônias de insetos, "golpes de Estado" acontecem sem que a usurpadora sequer toque na vítima. Uma nova pesquisa revela uma estratégia tão engenhosa quanto perturbadora para dominar o império das abelhas: insetos parasitas capazes de convencer operárias a matar a própria rainha, que, ainda por cima, é a sua mãe biológica.
Publicada nesta segunda-feira (17) na revista Current Biology, a descoberta expõe um comportamento descrito como um “novo patamar de exploração”, que surpreende até os especialistas nas complexidades evolutivas e sociais dos insetos.
O parasitismo social – estratégia na qual abelhas, vespas e formigas exploram colônias alheias para benefício próprio – já é conhecido por seus dramáticos rearranjos de poder. Algumas espécies sequestram crias de outras para reforçar sua força de trabalho; outras delegam a criação de seus filhotes a colônias hospedeiras.
Existem ainda os “parasitas sociais temporários”, raríssimos, que assumem o controle eliminando a rainha existente. Mesmo dentro desse grupo, o caso agora documentado se destaca por sua crueldade calculada.
Seguindo rastro evolutivos
Foi uma postagem de blog que despertou a curiosidade de Keizo Takasuka, ecologista comportamental da Universidade de Kyushu. O entusiasta de formigas Taku Shimada relatava na publicação ter encontrado uma rainha recém-casada de Lasius orientalis e decidido criá-la em uma colônia de L. flavus mantida em cativeiro. Ao filmar a interação, capturou operárias atacando e matando sua própria rainha. “Perdi minhas palavras”, lembrou Takasuka em entrevista ao portal Science.
Intrigado, o pesquisador seguiu os rastros evolutivos e observou comportamento semelhante em outra dupla de espécies: L. umbratus e L. japonicus. Em ambos os casos, o enredo foi igualmente brutal. A rainha invasora infiltra-se no formigueiro disfarçada, revestindo-se dos odores característicos da colônia hospedeira. Uma vez aceita entre as operárias, ela localiza a rainha legítima e lança sobre ela jatos de um fluido abdominal ácido e fétido, provavelmente rico em ácido fórmico. A substância mascara o cheiro da monarca e a transforma em uma ameaça para as suas próprias filhas.
O restante é um desenlace rápido e silencioso. Enquanto a parasita recua, as operárias atacam aquela que já não reconhecem como mãe. Após o matricídio, a usurpadora retorna para assumir plenamente o trono: põe seus próprios ovos e direciona o trabalho da colônia até que todas as operárias originais desapareçam.
Casos de matricídio no reino animal são raros e normalmente associados a alguma vantagem evolutiva direta para a prole. Aqui, a equação é desigual: a única beneficiada é a rainha invasora, que evita o risco de iniciar uma colônia do zero.
A rainha parasita (Lasius orientalis) foi aceita pelas operárias hospedeiras (Lasius flavus) logo após a ocorrência do matricídio — Foto: Keizo Takasuka e Taku Shimada A invasora não mata a matriarca com as próprias “mãos” devido aos perigos do confronto direto. Eliminar pessoalmente a rainha rival é um processo que envolve mutilações e uma longa morte por inanição ou esgotamento.
Ao agir assim, a invasora se expõe ao ataque de operárias que normalmente defendem sua mãe com ferocidade. Delegar o assassinato às próprias filhas da rainha hospedeira, portanto, não é apenas mais eficiente: é uma estratégia de sobrevivência.

há 6 dias
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