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Cidadãos de Bangladesh têm vivido um cenário de insegurança devido ao aumento do número de picadas de cobras na região. Neste ano, o país já registrou 15 mil internações por picadas de cobras, com 84 mortes relatadas.
Não é de hoje que as picadas de cobras – sobretudo as de serpentes e víboras – são umas das doenças tropicais mais negligenciadas e devastadoras das áreas rurais de países tropicais e subtropicais. Além de enfrentar frequentemente esse problema, Bangladesh – localizado no sul da Ásia – é um dos países mais vulneráveis às mudanças climáticas, potencializadores do aumento dos casos de picadas.
Especialistas e médicos alertam que o aumento no número de picadas de cobras no país tem relação com diferentes fatores, como as fortes chuvas de monções – comuns na região –, a intensa urbanização e as mudanças nas práticas agrícolas.
“O habitat delas [cobras] desapareceu e agora elas estão vivendo em contato próximo com os humanos”, observa Gowhar Naim Wara, especialista em gestão de desastres, em entrevista à AFP.
Picadas têm ocorrido às margens dos rios e pântanos, deixando moradores aterrorizados e hospitais lotados. Frente ao problema e com medo, os moradores buscam se adaptar da melhor maneira possível: carregando gravetos e tochas à noite, usando jeans e botas nos campos e dormindo sob mosquiteiros.
Apesar da maioria dos registros de picadas não ser de cobras venenosas – cerca de 75.8% –, o crescimento no número de casos preocupa autoridades, profissionais da saúde e ambientalistas.
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O distrito de Khulna, no sudoeste do país, detém o maior número de registros. Entre as vítimas não fatais – que compreendem à faixa etária dos 35 aos 44 anos de idade –, as consequências das picadas podem variar de gravidade. Em casos graves, podem ocorrer amputações – sobretudo dos pés e tornozelos, áreas predominantemente picadas –, dores persistentes, problemas de visão e fadiga.
Os humanos não são as únicas vítimas das cobras, serpentes e víboras de Bangladesh. Moradores de diferentes distritos do país, em destaque para Barisal e Chattogram, também têm registrado mordidas em cabras, vacas e aves.
As intensas chuvas de monções levaram ao transbordamento dos rios e pântanos espalhados pelo país. Como consequência, as cobras foram forçadas a deixarem os seus abrigos naturais e passaram a ocupar os assentamentos humanos, o que tem aumentado não apenas o número de picadas, mas também os fins mortais.
Em entrevista à AFP, o médico Abu Shahin Mohammed Mahbubur Rahman afirmou que, desde janeiro, 25 pessoas já morreram de picadas de cobras no hospital Rajshahi Medical College. Em nove meses, o hospital tratou mais de 1.000 casos, incluindo 206 picadas de espécies venenosas, como a temida víbora de Russell.
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Os hospitais têm se esforçado para estocar antídotos. Segundo o Ministério da Saúde e Bem-Estar Familiar de Bangladesh, as importações do medicamento estão a caminho. No entanto, especialistas alertam que antídotos importados nem sempre são eficazes, pois os venenos variam de acordo com a espécie e a região.
Bangladesh está desenvolvendo os seus tratamentos próprios. Embora existam progressos quanto ao antídoto contra a víbora de Russell, pesquisadores observam que o medicamento só estará pronto e apto para uso humano em pelo menos três anos.