Em uma pequena ilha artificial próxima à Usina Hidrelétrica de Serra da Mesa, em Goiás, uma onça-pintada foi capturada por uma armadilha fotográfica. O único detalhe é que para alcançar o local, o animal teve que nadar uma distância de 2,48 km, o maior recorde já observado para a espécie.
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O feito foi documentado em um estudo científico publicado em 10 de setembro no site bioRxiv, e ainda não foi revisado por cientistas independentes. De acordo com os pesquisadores, essa distância vai muito além do recorde anterior verificado, que era de cerca de 200 metros.
O macho de onça-pintada (Panthera onca) que pode receber o título de exímio nadador da espécie foi registrado pela primeira vez por fotos de uma armadilha fotográfica em maio de 2020, próximo à usina hidrelétrica.
Após quatro anos, o mesmo animal foi capturado por armadilhas fotográficas instaladas numa ilha artificial no lago criado pela barragem da usina. Verificando os padrões de manchas em sua pelagem, os pesquisadores confirmaram que se tratava da mesma onça.
Mas como ela chegou na ilha? Haveria, na verdade, duas possibilidades: a primeira é que ela poderia ter nadado 1,06 quilômetros até alcançar um ilhote antes de retornar para a água e nadar mais 1,27 quilômetros até a ilha próxima à barragem. A outra seria um percurso único, em que ela teria nadado 2,48 quilômetros de uma vez só.
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Por que a onça foi para lá?
"Nada sugere que a ilha tenha mais presas, nem as margens do reservatório. Achamos que ele decidiu explorar uma nova área – mais provavelmente relacionado à busca por fêmeas ou território do que à falta de alimento", relata Leandro Silveira, biólogo que liderou o estudo, em entrevista ao Live Science.
O caso é considerado incomum, considerando que os animais tendem a buscar opções de locomoção mais curtas e com menos riscos. Mesmo assim, as onças-pintadas são ótimas nadadoras e adaptadas a viverem em regiões tropicais cortadas por rios de longa extensão. Muitas vezes, a alimentação desses animais – que incluem jacarés, peixes, capivaras e tartarugas – envolve ir atrás de presas via nado. Um rio ou outro não parece ser uma barreira para elas.