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Em Belém (PA), a COP30 chama a atenção pela presença de atores políticos de destaque e pela possibilidade de trazer discussões sobre a urgência climática. Enquanto o evento acontece no norte do país, a outra ponta do Brasil, mais especificamente o Paraná, vive preocupação com os efeitos do clima extremo. O estado enfrenta consequências econômicas, perdas e até mortes causadas pela passagem de fortes tornados e ciclones na região.
Eventos como esses não devem ser os últimos a causar problemas no país. Fenômenos climáticos como os observados no interior paranaense – e também em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul –, afinal, estão ocorrendo com maior frequência e intensidade devido às mudanças climáticas.
Lançado durante a COP30, o documento A força do M(ar): os impactos de frentes frias, ciclones e ondas de frio, produzido pela Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica – em parceria com o programa Maré de Ciência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Fundação Boticário de Proteção à Natureza –, revelou que o número de desastres por ciclones e frentes frias está 19 vezes maior.
Nos últimos 33 anos, estima-se que 407 desastres climáticos relacionados a ciclones e frentes frias foram registrados no país. Em relação à década de 1990, por exemplo, a média anual dos registros feitos de 2021 a 2024 teve um aumento de 1.800%. Quando comparado com a década passada – de 2011 a 2020 – o mesmo período ainda apresenta uma alta significativa: de 240%.
A média anual de registros de desastres climáticos saltou de 2,3 registros anuais nos anos 1990 para 44 registros anuais entre 2021 e 2024 — Foto: Ricardo Stuckert/Wikimedia Commons Para além do aumento no número de registros, os impactos sociais e econômicos também têm alcançado níveis preocupantes. Hoje, mais de 1 milhão de brasileiros foram afetados por ciclones, frentes frias e ondas de frio. No início deste mês de novembro, por exemplo, um tornado devastou diferentes municípios do Paraná, deixando ao menos 700 feridos e sete pessoas mortas.
“Os municípios vão enfrentar cada vez mais situações extremas como essas e precisarão de apoio e financiamento climático para ações imediatas de prevenção e recuperação. A pauta climática é urgente e precisa ser tratada agora”, afirmou Ronaldo Christofoletti, da Unifesp, em comunicado.
De acordo com o estudo, o aquecimento global está ampliando a intensidade de frentes frias, ciclones e ondas de frio no Brasil. O levantamento identificou 232 municípios atingidos por estes desastres, sendo que 70% estão localizados no interior e 30% na zona costeira. As regiões sul e centro-oeste concentram 74% dos registros.
Cerca de 83% dos municípios do interior sofrem majoritariamente com ondas de frio, ou seja, com episódios mais prolongados e intensos de quedas nas temperaturas que podem ser causados por massas de ar polar. No que diz respeito ao número de afetados pelos ciclones, esse número aumenta para 93%.
Frentes frias ocorrem quando uma massa de ar frio avança sobre uma área que possui uma massa de ar quente e úmido — Foto: Agência Brasil Fotografias/Wikimedia Commons De acordo com o estudo, o aquecimento global está ampliando a intensidade de frentes frias, ciclones e ondas de frio no Brasil. “A superfície do mar mais quente – em um estado que chamamos de oceano febril – libera mais calor e umidade, alimentando e intensificando esses sistemas e provocando ventos e chuvas cada vez mais fortes”, observou Christofoletti.
Apesar do aumento ser comum aos três fenômenos, as suas frequências não são as mesmas. Considerados os principais desastres ambientais que ocorrem atualmente em território brasileiro, 54% dos registros feitos no estudo corresponderam às ondas de frio, que ocorreram predominantemente no inverno.
Os ciclones, mais frequentes no outono e no inverno, vem em sequência com 38% dos registros e, por fim, as frentes frias – registradas em todas as estações do ano, mas menos frequentes na primavera – correspondem a 8%. Mesmo com menor frequência, estas últimas são as principais responsáveis por desencadear boa parte dos episódios de chuvas intensas e extremos climáticos no país.
Mais de 1 milhão de pessoas sofrem com as consequências emocionais, socioeconômicas e culturais dos desastres ambientais — Foto: Leonardo Fernandez Viloria/Alamy Os desastres ambientais e os fenômenos climáticos avaliados pelo estudo revelaram graves impactos econômicos e estruturais ocorridos nas últimas décadas. Desde 1991, os desastres analisados impactaram 1,2 milhão de pessoas no Brasil, com crescimento de 206% em relação à década anterior e quase 40 vezes mais que nos anos 1990.
Hoje, a média anual de pessoas afetadas triplicou quando comparada com a da década anterior, contando com 27,6 mil pessoas desalojadas e desabrigadas e 2,2 mil feridos ou enfermos.
Os prejuízos materiais também são extensos. Somente nos últimos dez anos, foi calculado uma perda de R$ 1,5 bilhão em patrimônios públicos e privados. No país, 142 mil bens e infraestrutura foram danificados, sendo 94% desses estragos tendo sido causados por ciclones.
Entre os bens danificados, habitações correspondem a 52,2% dos casos, enquanto obras de infraestrutura representam 46%. Quanto a valores, o setor público – mais afetado em energia e transporte – acumula R$ 200 milhões em perdas. O setor privado, que sofre com significativos danos na agricultura, registra R$ 2,5 bilhões em prejuízos.
O estudo também apresenta caminhos para fortalecer a adaptação e a preservação contra desastres. Dentre as recomendações para cidades costeiras, a restauração de manguezais, dunas, restingas e recifes é primordial. Para as cidades interioranas, que têm a agricultura bem prejudicada pelos fenômenos, é recomendado fortalecer a segurança alimentar.

há 1 semana
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