Novo estudo descobre 14 espécies inéditas em diferentes regiões oceânicas do planeta

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Cientistas estimam que existam cerca de 2 milhões de espécies marinhas vivas, embora apenas uma pequena fração delas já tenha sido oficialmente reconhecida. Foi na tentativa de preencher essa lacuna mais rapidamente que os pesquisadores lançaram o projeto Ocean Species Discoveries, que visa publicar descrições desses exemplares animais recém-descobertos de maneira mais concisa e simplificada.

No seu esforço mais recente, o grupo identificou 14 novos vermes, moluscos e crustáceos – dentre eles, inclusive, verificou-se a existência de dois gêneros inéditos. Essas espécies vêm de diferentes hábitats do mundo, e seus detalhes foram compartilhados pelos autores em um artigo científico publicado na quarta-feira (15) na revista Biodiversity Data Journal.

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Biodiversidade escondida sob as ondas

O animal que vive em maiores profundidades recebeu o nome de Veleropilina gretchenae, destaca o site IFLScience. Ele é um molusco recuperado a impressionante 6.465 metros da superfície na Fossa das Aleutas, uma formação que acompanha a costa sul do Alasca até as águas adjacentes no nordeste da Sibéria.

Um outro molusco que chamou a atenção dos pesquisadores foi um bivalve chamado Myonera aleutiana. Encontrado perto das Ilhas Aleutas, no noroeste dos Estados Unidos, a 5.280 metros, ele estava cerca de 800 metros mais fundo do que qualquer membro de seu gênero previamente documentado.

 Senckenberg Ocean Species Alliance Laevidentalium wiesei (esquerda), Metharpinia hirsuta (canto superior direito) e Myonera aleutiana (canto inferior direito) — Foto: Senckenberg Ocean Species Alliance

Entre os crustáceos, Apotectonia senckenbergae foi descoberto em um banco de mexilhões nos campos de fontes hidrotermais do Rift de Galápagos, um hotspot vulcânico no Oceano Pacífico Oriental. O exemplar encontrava-se a 2.602 metros abaixo do nível do mar.

Talvez o animal mais incomum seja um isópode parasita nomeado Zeaione everta, que apresenta saliências estranhas nas costas da fêmea que lembram pedaços de pipoca estourada. Seu nome genérico, inspirado no gênero de milho Zea sp., reflete essa semelhança peculiar. Ele foi encontrado na zona intermareal australiana, e representa um novo gênero.

Por fim, também vale a pena mencionar o Laevidentalium wiesei, um molusco com concha de presa encontrado em profundidades superiores a 5.000 metros. Pesquisadores descobriram que este animal hospedava uma anêmona-do-mar presa à sua concha externa, sendo a primeira vez que esse tipo de relação é registrado no gênero.

Os resultados deste levantamento mais recente são apenas o começo do projeto, que tem potencial para explorar muito mais do que só a “ponta do iceberg” dos mistérios da biodiversidade marinha. Como lembra a Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), cerca de 91% de todas as espécies oceânicas ainda não foram classificadas, além de mais de 80% do nosso oceano não ter sido mapeado, observado ou explorado.

Embora ainda haja um longo caminho a percorrer, iniciativas como o projeto Ocean Species Discoveries estão trabalhando para entender melhor os mares do nosso planeta, uma criatura de cada vez. “Nossa visão compartilhada é tornar a taxonomia mais rápida, eficiente, acessível e visível”, resume a equipe no artigo.

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