Nova cápsula microscópica em forma de flor pode atuar no tratamento de câncer

há 1 mês 16
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Imagine uma cápsula microscópica que viaja pelo corpo, identifica um tumor, libera a dose exata de um medicamento e, depois que a doença é curada, simplesmente se desativa. Parece ficção científica, mas é exatamente o futuro que pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte (UNC) em Chapel Hill estão ajudando a construir. A chave para isso são minúsculas "flores" feitas de DNA que mudam de forma.

O estudo, publicado na revista Nature Nanotechnology em 20 de novembro, descreve a criação desses robôs microscópicos. Eles são formados por cristais especiais, uma combinação de DNA e materiais inorgânicos, que podem se dobrar e desdobrar em questão de segundos.

Como um programa de computador vivo

O segredo dessas flores está em seu design inteligente. O DNA que as compõe não é apenas uma molécula; ele atua como um pequeno programa de computador biológico. Esse "software" molecular dita como a estrutura deve se mover e reagir a estímulos externos.

Quando o ambiente ao redor muda, por exemplo, se a acidez (pH) aumenta ou diminui, a flor responde instantaneamente. Ela pode se fechar como um botão, abrir suas pétalas ou até mesmo desencadear uma reação química específica.

"As pessoas adorariam ter cápsulas inteligentes que ativassem automaticamente a medicação ao detectar uma doença e a interrompessem quando ela fosse curada. Em princípio, isso seria possível com nossos materiais que mudam de forma", explica a Ronit Freeman, autora do estudo e diretora do Laboratório Freeman na UNC.

A inspiração, segundo ela, veio diretamente da natureza, quando as flores desdobram, da pulsação rítmica dos corais e da forma como os tecidos vivos se organizam. "Nós nos inspiramos nos designs da natureza e os traduzimos em tecnologia que um dia poderá pensar, se mover e se adaptar por conta própria", complementa Freeman.

Como funcionam a tecnologia das flores ?

As aplicações potenciais são vastas e promissoras. No campo médico, essas flores poderiam ser injetadas no corpo e navegar até um local específico, como um tumor. A acidez característica do ambiente cancerígeno faria com que as pétalas se fechassem, liberando a droga ou até mesmo coletando uma microamostra para biópsia. Se o tumor regredisse, as flores reabririam, prontas para agir novamente se a doença reaparecer.

"No futuro, flores que podem ser engolidas ou implantadas e que mudam de forma poderão ser projetadas para administrar uma dose específica de medicamentos, realizar uma biópsia ou limpar um coágulo sanguíneo", diz a pesquisadora.

Mas a inovação não para na medicina. Esses materiais inteligentes poderiam ser usados para despoluir águas contaminadas, liberando agentes de limpeza de maneira controlada e se dissolvendo inofensivamente após o trabalho. Além disso, devido à alta capacidade de armazenamento de dados do DNA, uma única colher de chá desses cristais poderia guardar até dois trilhões de gigabytes de informação, apresentando uma alternativa supereficiente e ecológica para o armazenamento digital do futuro.

Este avanço representa um passo significativo para preencher a lacuna entre sistemas vivos e máquinas, criando materiais que não apenas existem, mas percebem, reagem e se adaptam ao mundo ao seu redor.

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