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Um dos novos ganhadores do Prêmio Nobel de Medicina de 2025, o imunologista Fred Ramsdell, dos Estados Unidos, pode ainda não ter descoberto que conquistou o maior reconhecimento científico do mundo. Colegas do pesquisador indicam que ele está “vivendo sua melhor vida” em uma excursão de caminhada “desconectada”, sem acesso à internet ou telefone, o que impediu o comitê do Nobel de contatá-lo diretamente na segunda-feira (6).
O paradeiro exato de Ramsdell é um mistério até mesmo para seus colegas. Jeffrey Bluestone, amigo próximo e cofundador da Sonoma Biotherapeutics, contou à AFP que também não conseguiu entrar em contato com o pesquisador. “Estou tentando encontrá-lo pessoalmente. Acho que ele pode estar mochilando pelo interior de Idaho”, afirmou Bluestone, rindo da situação inusitada.
Enquanto isso, os organizadores do Nobel ainda esperam conseguir entregar a notícia ao laureado em primeira mão. Segundo Thomas Perlmann, secretário-geral do Comitê do Nobel, o fuso horário também foi um obstáculo inicial para contatar Ramsdell e Brunkow, já que ambos vivem na Costa Oeste dos Estados Unidos — nove horas atrás do horário de Estocolmo.
Trabalho laureado com o Nobel
Ramsdell, de 64 anos, é consultor sênior da Sonoma Biotherapeutics, um laboratório de biotecnologia em São Francisco, na Califórnia. Ele divide o prêmio com Mary Brunkow, gerente de programas sênior no Institute for Systems Biology, em Seattle, e Shimon Sakaguchi, pesquisador da Universidade de Osaka, no Japão.
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Os três foram reconhecidos por descobertas fundamentais sobre o funcionamento do sistema imunológico — mais especificamente, por elucidar o papel das células T reguladoras, conhecidas como os “guardas de segurança” do corpo humano. Essas células desempenham um papel crucial na chamada “tolerância imunológica periférica”, mecanismo que impede o sistema imunológico de atacar tecidos saudáveis e causar doenças autoimunes.
“Suas descobertas foram decisivas para nossa compreensão de como o sistema imunológico funciona e por que nem todos desenvolvemos doenças autoimunes graves”, afirma Olle Kämpe, presidente do Comitê Nobel, em comunicado à imprensa. Acredita-se que as descobertas abriram um novo campo de pesquisa e levaram ao surgimento de potenciais terapias atualmente em fase de ensaios clínicos.
Três décadas de avanços científicos
O reconhecimento marca o ápice de uma jornada científica que começou há quase três décadas. Shimon Sakaguchi, de 74 anos, foi o primeiro a identificar, em 1995, uma nova classe de células imunes responsáveis por proteger o corpo contra doenças autoimunes. Já em 2001, Brunkow e Ramsdell fizeram uma descoberta complementar, demonstrando o papel genético dessas células e como mutações específicas poderiam levar à perda de tolerância imunológica.
Enquanto o mundo científico celebra a conquista, o caso de Fred Ramsdell acrescenta um toque de humanidade e humor à solenidade do Nobel. Longe de laboratórios e cerimônias, o pesquisador parece ter levado a sério o equilíbrio entre vida e trabalho, ao ponto de, talvez, ainda não saber que é agora um Prêmio Nobel.