Casal encontra tábua de pedra no quintal e descobre que ela é lápide romana

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Quando Daniella Santoro e Aaron Lorenz decidiram limpar o quintal da casa histórica que compraram em Nova Orleans, nos Estados Unidos, no início deste ano, eles esperavam encontrar, no máximo, um ninho de formigas ou algum entulho esquecido. Contudo, em vez disso, o casal descobriu uma pesada placa de mármore coberta por inscrições em latim – um achado que, meses depois, se revelaria uma peça arqueológica de 2 mil anos e daria início a uma investigação internacional.

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Quando se depararam com o objeto, os novos proprietários do terreno reconheceram que havia algo incomum nele e, assim, entraram em contato com o arqueólogo Ryan Gray, do Centro de Recursos de Preservação de Nova Orleans (PRC). “É natural que moradores encontrem artefatos antigos durante reformas, mas nunca imaginei que algo assim aconteceria em Nova Orleans”, comentou Gray, que relatou o caso em nota publicada pelo PRC na última segunda-feira (6).

De acordo com Gray, o primeiro passo da sua investigação foi verificar se a residência não havia sido construída sobre um antigo cemitério, o que é algo relativamente comum na cidade, cuja história urbana se sobrepôs a antigos locais de sepultamento. Mas logo ficou claro que o artefato era algo completamente diferente.

 Sussan Lusnia Daniella Santoro e Aaron Lorenz em frente à tábua — Foto: Sussan Lusnia

Graças a especialistas da Universidade de Innsbruck, na Áustria, e da Universidade de Tulane, também nos EUA, o enigma foi decifrado: a inscrição correspondia à lápide de Sexto Congênio Vero, um marinheiro romano que viveu no século 2 d.C. Mais surpreendente ainda, esse artefato constava como desaparecido do Museu Arqueológico de Civitavecchia, na Itália, onde tinha sido catalogado antes da Segunda Guerra Mundial.

“Isso mudou completamente o escopo da investigação. De um possível achado local, passamos a lidar com um item arqueológico perdido há mais de 70 anos e um caso de repatriação internacional”, afirma Gray. Com o apoio da Coalizão de Antiguidades, dirigida por Tess Davis, o grupo entrou em contato com a Equipe de Crimes de Arte do Departamento Federal de Investigação. dos Estados Unidos (FBI), que recolheu a pedra e iniciou o processo formal de devolução à Itália.

Enquanto a devolução avança, os pesquisadores tentam compreender como a antiga lápide romana cruzou o Oceano Atlântico e foi parar no quintal de uma casa americana. Investigações históricas e registros de moradores apontam que a propriedade pertenceu por décadas à família Simon, a partir de 1909, e depois permaneceu quase inalterada até os anos 1990. Nenhum dos antigos residentes parece ter viajado à Itália ou colecionado artefatos raros.

 Susann Lusnia Susann Lusnia visita o museu em Civitavecchia — Foto: Susann Lusnia

Durante buscas em arquivos militares e museológicos, Susann Lusnia, professora na Universidade de Tulane, descobriu que o museu de Civitavecchia fora severamente bombardeado entre 1943 e 1944, perdendo grande parte de seu acervo. Documentos de 1954 confirmaram que muitos itens foram simplesmente dados como desaparecidos após o caos da guerra – e a lápide de Sexto Congênio Vero era um deles.

“Possivelmente um soldado levou a peça como lembrança de guerra, ou ainda existe a chance de que ela tenha sido vendida posteriormente como curiosidade arqueológica”, aponta Lusnia. “Mas, por enquanto, o trajeto exato continua sendo um mistério.”

Para Gray, o episódio mostra como a curiosidade e o cuidado de um morador podem ajudar a resgatar o patrimônio histórico mundial. “Embora nunca saibamos exatamente como a lápide chegou a Nova Orleans, sabemos que ela está segura e prestes a voltar ao lugar de onde nunca deveria ter saído”, avalia ele.

O Museu de Civitavecchia já anunciou que pretende realizar uma cerimônia pública quando o artefato retornar à Itália. Dessa forma, encerrando, com honras, a jornada de uma tumba romana que atravessou mares e séculos para reencontrar seu destino.

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