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Um relatório mostra que o investimento direcionado a preservação de florestas deve mais que triplicar até 2030 e ficar seis vezes maior até 2050 para que metas ambientais sejam atingidas. As estimativas do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), braço da ONU, indicam que, em 2023, foram investidos US$ 84 bilhões na preservação florestal, mas o orçamento precisa chegar a US$ 300 bilhões em 2030 e a US$ 498 bilhões em 2050.
Na avaliação da representante interina do PNUMA, Beatriz Martins Carneiro, alcançar tais valores é viável do ponto de vista técnico, “mas requer vontade política sem precedentes e mudanças sistêmicas”. Segundo ela, as ações concretas para acabar com o desmatamento estão bastante atrasadas.
Enquanto isso, os valores despendidos em ações prejudiciais ao meio ambiente foram muito maiores do que o voltado para conservação ambiental de 2023. Subsídios potencialmente prejudiciais voltados para a agricultura, um dos principais responsáveis pelo desmatamento, somaram mais de US$ 400 bilhões.
Isso significa que a cada US$ 0,20 gastos na conservação florestal, ao menos US$ 1 intensificam pressões ambientais sobre esses ecossistemas, o que resulta na perda anual de 2,2 milhões de hectares de floresta.
Dos US$ 84 bilhões investidos em 2023 na proteção florestal, apenas US$ 7,5 bilhões vieram de fontes privadas, mas o mesmo setor investiu US$ 8,9 trilhões em companhias de alto risco de desmatamento.
Segundo Carneiro, em um contexto onde o investimento em florestas precisa triplicar até 2030, a COP30 representa “oportunidade crucial” para o financiamento de florestas. No setor público, o evento pode impulsionar metas de governos, redirecionar subsídios prejudiciais e estabelecer estruturas políticas. Já no privado, a conferência é capaz de mobilizar promessas para investimento em produção sustentável.
“Este relatório serve como um apelo à ação antes da COP30, fornecendo evidências necessárias para elevar o financiamento florestal”, afirma.
O professor Vinicius Valentin Raduan Miguel, do Departamento Acadêmico de Ciências Sociais da UNIR (Universidade Federal de Rondônia), por outro lado, diz que é “praticamente impossível” chegar aos valores estipulados pelo relatório. “Tanto do orçamento público como de doações da iniciativa privada ou da sociedade civil, o meio ambiente tem uma uma prioridade mais discursiva do que propriamente financeira”, avalia.
O especialista acredita que a COP30 pode ter efeito prático no aumento de investimentos em florestas ainda que não chegue aos US$ 300 milhões em 2030. O professor destaca que, a longo prazo, a COP30 está consolidando um sistema de governança ambiental, com participação popular.
Investimento público e florestas tropicais
O setor público foi responsável por 91% do investimento nas florestas. Desses, US$ 2,9 bilhões vieram de financiamento internacional, que teve entre os maiores doadores Banco Mundial Alemanha, Reino Unido e Noruega, e entre os principais receptores República do Congo, Peru e Brasil.
Do investimento internacional, US$ 362 milhões foram destinados a projetos envolvendo população indígena e comunidades locais, e apenas uma pequena parte desse valor foi para iniciativas lideradas por esses grupos. O relatório defende que os governos devem mobilizar o financiamento na proteção florestal e que essas políticas alcancem com maior intensidade os povos originários.
A maior parte do investimento público foi realizado por e para países desenvolvidos. Cerca de 41% deles ficaram concentrados em dois países, China e Estados Unidos. O investimento na China, que totalizou US$ 19 bilhões em 2023, é impulsionado por processos de restauração ecológica e florestamento. Já nos Estados Unidos gastos com florestas somaram US$ 12 bilhões e estão ligados a manejo de fogo, agricultura sustentável, programas florestais e iniciativas de conservação.
Em economias em desenvolvimento, os aportes são menores em razão de limitações fiscais, competição entre prioridades no orçamento e capacidade institucional mais fraca. US$ 12,9 bilhões do investimento público foram alocados em florestas tropicais.
Nesse cenário, o Brasil teve o segundo maior investimento público doméstico em florestas tropicais, com US$ 1,9 bilhão, enquanto o investimento internacional foi de US$ 145 milhões. “O Brasil está demonstrando um forte compromisso com a preservação da floresta, com iniciativas notáveis e investimentos domésticos significativos”, comenta Carneiro.
A lista dos 31 países que mais fizeram maior financiamento em florestas tropicais traz a Índia na liderança, que investiu US$ 7 bilhões em 2023. Apesar dos recursos limitados desses países, o valor despendido por 22 deles foi 36 vezes maior do que investimentos públicos internacionais. “Isso cria um descompasso fundamental entre onde os investimentos fluem e onde a proteção é mais urgentemente necessária”, destaca a representante do PNUMA.
Para atingir as metas globais de clima e biodiversidade, as soluções baseadas em meio ambiente devem alcançar ao menos 1 bilhão de hectares até 2030 e 1,8 bilhão até 2050.
O documento ressalta que investir em áreas protegidas e na prevenção do desmatamento tem menor custo do que reflorestar. Enquanto o primeiro é capaz de cobrir 792 milhões de hectares (80% do necessário da meta de 2030) ao custo de US$ 32 bilhões anuais, o reflorestamento de apenas 100 milhões de hectares demanda US$ 96 bilhões por ano.
O reflorestamento envolve gastos como preparo de solo, compra de mudas e leva tempo até que a área se recupere. O professor da UNIR explica que manter o que já existe evita esses custos ao permitir a continuidade serviços ambientais já em curso, como fertilidade do solo e biodiversidade. Mas ressalta que ambas estratégias são importantes. “São pontos complementares e integrados”, diz.

há 11 horas
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