Intervenção climática pode não ser suficiente para salvar café, chocolate e vinho

há 3 semanas 11
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Um novo estudo publicado nesta terça-feira (4) na revista Environmental Research Letters revela que, mesmo com o uso de tecnologias de intervenção climática, as perspectivas para o cultivo de café, cacau e uvas viníferas permanecem preocupantes. Os cientistas responsáveis concluíram que essas culturas, fundamentais para diversas economias e para o sustento de milhões de agricultores, continuam altamente vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas.

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Essas projeções indicam que o aumento das temperaturas e a alteração dos padrões de precipitação já vêm provocando flutuações drásticas na produção agrícola de ano para ano. Em comunicado divulgado pela IOP Publishing, a equipe da Universidade Estadual do Colorado, nos Estados Unidos, destaca que o cenário ameaça não apenas a estabilidade das colheitas, mas também a segurança econômica de regiões inteiras dependentes desses produtos.

Tentativas de superar as mudanças climáticas

A pesquisa investigou o potencial da Injeção de Aerossóis Estratosféricos (SAI, na sigla em inglês) — uma forma de geoengenharia solar que busca resfriar a superfície da Terra ao liberar partículas refletoras na estratosfera, imitando o efeito de resfriamento natural causado por erupções vulcânicas. Avaliou-se como essa técnica poderia estabilizar as condições de cultivo entre 2036 e 2045 em 18 regiões-chave produtoras na Europa Ocidental, América do Sul e África Ocidental.

Embora o método tenha demonstrado algum sucesso na redução das temperaturas da superfície, os resultados não foram animadores. Apenas seis das 18 regiões analisadas apresentaram melhorias significativas sob cenários com SAI em comparação a um cenário sem intervenção. De acordo com os autores, a imprevisibilidade das chuvas e da umidade limitou fortemente a eficácia da técnica.

“Reduzir a temperatura apenas com o SAI não é suficiente”, afirma Ariel Morrison, coautor do estudo, na nota. “Por exemplo, as espécies de cacau, embora mais tolerantes a altas temperaturas do que o café e a uva, são altamente suscetíveis a pragas e doenças causadas por uma combinação de calor, chuvas intensas e umidade.”

A variabilidade climática natural também não pode ser ignorada. Ela leva a uma ampla gama de resultados sob o mesmo cenário de SAI, afetando diretamente o sustento dos agricultores. Por isso, a intervenção climática pode oferecer apenas um alívio temporário ao aumento das temperaturas, mas não uma solução definitiva.

“SAI não é uma garantia de que o cultivo dessas culturas de luxo será preservado”, destaca Morrison. “Precisamos de estratégias de adaptação local, investimentos em práticas agrícolas resilientes e cooperação global para proteger tanto as plantações quanto as comunidades que dependem delas.”

O estudo reforça a urgência de políticas integradas que combinem ciência, tecnologia e justiça climática para enfrentar um desafio que vai muito além da simples manipulação da temperatura. Vale lembrar que muitos desses produtos são partes essenciais das culturas, economias e identidades de diversas regiões do planeta.

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