ANUNCIE AQUI
Pesquisadores da University College London (UCL) e do Imperial College London, na Inglaterra, registraram, pela primeira vez, como antibióticos conseguem romper a armadura de bactérias nocivas a humanos. O estudo, publicado na revista Nature Microbiology, pode abrir caminho para novas estratégias no combate à resistência antimicrobiana, um dos maiores desafios da medicina atual.
As imagens de alta resolução mostram, em tempo real, o efeito da polimixina B sobre células de Escherichia coli. Em poucos minutos, o antibiótico provoca inchaços e irregularidades na superfície bacteriana, seguidos pelo desprendimento acelerado da camada externa de proteção. Essa perda da armadura deixa brechas para que o medicamento consiga penetrar na célula e eliminá-la.
O processo, no entanto, só ocorre quando as bactérias estão ativas. Nas células dormentes, um estado em que elas reduzem seu metabolismo para sobreviver a condições adversas, o antibiótico se liga à membrana, mas não é capaz de destruí-la. Esse achado ajuda a explicar porque infecções podem reaparecer mesmo após tratamento, por causa das bactérias adormecidas resistem ao ataque e voltam a se multiplicar quando encontram condições favoráveis.
“Por décadas, acreditava-se que antibióticos que atacam a camada externa poderiam matar bactérias em qualquer estado. Descobrimos que não é bem assim. Esses medicamentos só funcionam com a colaboração da própria célula, e não têm efeito sobre as que estão em hibernação”, afirmou o microbiologista Andrew Edwards, do Imperial College.
Açúcar acorda as bactérias
Os pesquisadores também mostraram que a presença de açúcar pode “acordar” bactérias adormecidas. Em laboratório, células de E. coli que estavam inativas tornaram-se vulneráveis à polimixina B cerca de 15 minutos após o contato com a fonte de energia.
As imagens, obtidas com microscopia de força atômica, técnica capaz de mapear superfícies em escala nanométrica, revelam detalhes antes invisíveis da interação entre antibióticos e a membrana bacteriana. “É como se a célula fosse forçada a produzir tijolos para sua parede externa tão rapidamente que essa estrutura se rompe, permitindo a infiltração do antibiótico”, explica Carolina Borrelli, doutoranda da UCL e coautora do estudo, em comunicado.
Além de explicar um mecanismo essencial, o trabalho abre espaço para novas estratégias terapêuticas. Uma das possibilidades levantadas pela equipe é combinar polimixinas com tratamentos que estimulem bactérias dormentes a despertar, tornando-as suscetíveis ao ataque.
“As polimixinas continuam sendo uma linha vital de defesa contra infecções resistentes. Mas, para usá-las de forma mais eficaz, precisamos levar em conta o estado das bactérias”, afirma o professor Bart Hoogenboom, da UCL.
Com mais de um milhão de mortes anuais ligadas a infecções resistentes, a corrida por alternativas é urgente. O novo estudo mostra que, para enfrentar a ameaça global da resistência antimicrobiana, talvez seja necessário pensar em estratégias menos convencionais, como estimular as próprias bactérias a produzirem as armas que as destroem.

há 1 mês
21
:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2025/X/q/fwqrYtSlW7dorQyLcuBw/robot-holding-baseball-bat-3.jpg)
:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2025/7/W/Hc28IlSgumADJdsjsLMQ/pexels-maria-kray-737731035-18674206.jpg)
:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2025/1/c/UDWm5LQsmo4gw729vfCg/800-ollieandricky.jpeg)





Portuguese (BR) ·