"Gostamos de vilões por que eles nos fazem mal", diz Stephen Lang, que vive Quaritch em "Avatar: Fogo e Cinzas"

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Com efeitos visuais que marcaram a história do cinema, a franquia Avatar leva o telespectador a um planeta fictício chamado Pandora, onde vive o povo Na’vi. A história começa com desbravadores humanos tentando colonizar o local e extrair o mineral unobtanium, que poderia salvar a Terra. Mas nem tudo corre como o planejado. Além de o planeta ser tóxico, os Homo sapiens são frequentemente atacados pelos nativos, que tentam defender seu território.

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No segundo capítulo da franquia, Avatar: O caminho da água, as autoridades têm o objetivo ousado de deslocar os humanos para Pandora com a iminente destruição da Terra. Sully e sua família buscam refúgio no clã dos recifes e se tornam membros de um clã Na'vi chamado Metkayina — uma tentativa de fugir do coronel Quaritch.

A GALILEU entrevistou o ator Stephen Lang, que vai retornar como o vilão Quaritch em Avatar: Fogo e Cinzas, o terceiro filme da franquia. No novo longa, o velho inimigo volta a incomodar Sully e seu grupo, que passam a ser atacados também pelos Mangkwan, clã conhecido como Povo da Cinza.

“Quaritch tem muito a fazer neste filme, bem diferente do que esperávamos dele, de uma forma surpreendente e poderosa. Ficamos muito orgulhosos do que ele conseguiu realizar. Ele é hipnotizante. Você não consegue tirar os olhos dele”, disse o diretor James Cameron, em comunicado enviado à GALILEU.

“Quaritch tem uma vingança pessoal contra Jake. Jake não pensa em termos de vingança. Ele só quer o melhor para Pandora e para os Na’vi. Ele sabe que os humanos não vão parar até destruírem o planeta, mas isso é algo mais intelectual. Ele não busca vingança contra Quaritch, mas Quaritch busca. Ele se sente traído por Jake”, acrescenta.

 Divulgação Stephen Lang falou à GALILEU sobre "Avatar: Fogo e Cinzas", novo filme da franquia de James Cameron — Foto: Divulgação

Como é interpretar um vilão?

Stephen Lang teve que usar trajes e sensores para capturar sua performance e dar vida ao avatar de Quaritch. “Talvez existam certas coisas que, de forma habitual, você faça para entrar em um personagem", disse Lang, em entrevista exclusiva para a GALILEU. "Mas, para trabalhar em captura de performance, para mim, isso se tornou equivalente a entrar na maquiagem e figurino, ir para o set e fazer o que a cena exige”, explica. Para o ator, os trajes que capturam a performance chamados de bodysuits funcionam como um uniforme, e os marcadores colocados no rosto e no corpo equivalem a uma maquiagem.

 Reprodução/YouTube/Stream Wars Stephen Lang usando trajes e sensores, que capturam a sua performance e dá vida a Quaritch — Foto: Reprodução/YouTube/Stream Wars

“Não acho isso difícil, nem intimidador. O que é libertador nesse processo é que, quando você está atuando, se livra de muito do que é tradicional na produção de cinema. Normalmente, começamos com um plano geral, depois passamos para planos médios e, por fim, closes. E, às vezes, o ator tem uma cena emocional e guarda essa carga para o close, quando 'realmente importa', para não desperdiçar energia nas tomadas mais distantes”, reforça Lang.

“Na captura de performance, essa diferença desaparece, porque tudo é captado de uma vez só. Isso dá muita liberdade ao ator, mas também exige responsabilidade — você precisa estar completamente presente o tempo todo. Eu, pessoalmente, adoro isso. Eu adoro fazer captura de performance, mas, acima de tudo, adoro atuar. Então, seja o que for que precisem de mim, eu topo”, revela.

Apesar de nunca ter sido militar, Lang já interpretou muitos personagens envolvidos com as forças armadas. Em O Homem das Trevas (2016), um dos seus filmes mais conhecidos, Lang deu vida a um ex-veterano de guerra cego e em Deuses e Generais (2003), o ator interpretou o general Stonewall Jackson.

Você não pensa no personagem como um vilão. Tenho certeza de que você já ouviu outros atores dizerem isso: ‘Eu não interpreto vilões. Todo personagem é o herói da própria história’. Mas, no caso do Quaritch, ele sabe perfeitamente que está espalhando morte e destruição. E, adivinha? Ele não liga. Isso é o que ele foi designado para fazer, é o trabalho dele. Então, pode chamá-lo do que quiser, ele não se importa. Se o chamarem de vilão, ele vai dizer: ‘Tá bom, eu te mostro o que é um vilão de verdade’”, explica o ator.

 Divulgação Stephen Lang — Foto: Divulgação

“Essa é a atitude que você cultiva quando interpreta algo assim. Ajuda se você fizer isso com uma certa dose de elegância, de sagacidade, de ironia e tudo mais, porque digamos por um minuto que ele é o vilão — você quer que seja um vilão interessante, você quer que eles sejam algo que você queira ter. Sabe por quê? Porque eles fazem mal para você”, ressalta.

Na concepção de Lang, o público adora um vilão, justamente por eles invocarem aspectos mais humanos em quem assiste.

Em Avatar: O Caminho da Água, o segundo filme, Quaritch demonstra um aspecto mais humano ao lado do seu filho, Spider. No terceiro filme da saga, Lang afirma que esse relacionamento vai continuar sendo desenvolvido. “É difícil dizer como isso vai se resolver no fim. Mas é um desafio incrível para o Jack Champion interpretar o Spider, que agora é um filho dividido entre dois pais e esses dois pais são inimigos mortais.”

“É uma construção de roteiro muito interessante que o Jim [James] Cameron criou. Ele deu ao Spider um dilema complexo: a quem ele deve sua lealdade? Sua lealdade está onde está seu amor?”, ressalta. “Quaritch é quem ele é, ele não bajula ninguém. Ele não serve a ninguém além de si mesmo. Então, se ele escolher aceitar o Spider, será porque ele mesmo quis, porque viu valor nisso. E se ele decidir rejeitar o que o Spider representa, isso também é legitimamente corajoso.”

 Divulgação Um dos pôsteres do novo filme de "Avatar" — Foto: Divulgação

O primeiro filme de Avatar, em 2010, ganhou 3 Oscars nas categorias de Melhor Cinematografia, Melhor Design de Produção e Melhores Efeitos Visuais. Já Avatar: O caminho da água, segundo filme da franquia, levou o Oscar de Melhores Efeitos Visuais, em 2022.

Com mais de 10 anos de história, Avatar conseguiu alcançar diferentes gerações. “Eu diria que o cinema, de certa forma, tem se tornado menos relevante. Parte disso vem da pandemia, claro, mas também do avanço das telas em casa, dos celulares, e da mudança de hábitos”, afirma Lang. “A experiência do cinema não é tão onipresente quanto era antigamente. Sabe, houve tempos antes de eu nascer, em que todas as semanas as pessoas iam ao cinema. Às terças-feiras, às sextas-feiras à noite elas vão ao cinema. Era apenas parte da vida delas.”

"Avatar: Fogo e Cinzas" tem previsão de estreia para dezembro de 2025. Assista ao trailer:

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