Famosas estátuas da Ilha de Páscoa "andavam" com ajuda de cordas, diz estudo

há 1 dia 2
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A Ilha de Páscoa abriga as estátuas Moai que são monumentos com representações humanas esculpidas entre os anos 1250 e 1500 pelo povo Rapa Nui, que vivia no Chile. Depois de séculos de debate, um estudo publicado na revista Journal of Archaeological Science no último sábado (4), traz evidências de que essas estátuas “andavam”. Ou melhor, eram arrastadas de pé com a ajuda de cordas pelos Rapa Nui.

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A pesquisa foi liderada por pesquisadores da Universidade Estadual de Nova York e pela Universidade Binghamton, nos EUA. Ao todo, 962 estátuas Moais foram submetidas a análises, que envolveram modelagem 3D e ensaios experimentais.

Após esse trabalho, os pesquisadores descobriram que o povo de Rapa Nui prendiam cordas nas laterais das estátuas a as transportavam em um movimento de “caminhada” — balançando-as alternadamente para frente e para os lados.

O transporte dos monumentos, que pesavam toneladas, era feito de forma vertical até chegar nas plataformas cerimoniais da região. A evidência refuta a ideia de que as estátuas eram arrastadas deitadas.

"Depois que você o põe em movimento, não é nada difícil — as pessoas puxam com um braço só. Conserva energia e se move muito rápido", disse o professor de antropologia e autor do estudo, Carl Lipo, em comunicado.

"A parte difícil é fazê-lo balançar, para começo de conversa. A questão é: se for realmente grande, o que seria necessário? O que vimos experimentalmente é consistente com o que esperaríamos de uma perspectiva física?", ressalta. Com a modelagem em 3D, os pesquisadores identificaram que os Moais tinham bases largas em formato de D, além de uma leve inclinação para frente, o que facilitaria o movimento em zigue-zague. Veja no esquema abaixo:

 Carl Lipo Este diagrama ilustra a técnica de "caminhada", na qual os moais eram movidos ao longo de estradas preparadas por meio de puxões laterais alternados de corda, mantendo uma inclinação para a frente de 5 a 15° em relação à vertical. — Foto: Carl Lipo

Para colocar a teoria em prática, a equipe construiu uma réplica de Moai, com 4,35 toneladas e com a inclinação para frente. Em 40 minutos, uma equipe composta por 18 pessoas conseguiu movimentar o Moai por 100 metros utilizando o método de “caminhada” — o que foi muito mais eficaz em comparação com as tentativas de transporte vertical.

"A física faz sentido", disse Lipo. "O que vimos experimentalmente realmente funciona. E, à medida que cresce, continua funcionando. Todos os atributos que vemos em objetos gigantescos em movimento se tornam cada vez mais consistentes à medida que crescem, porque essa se torna a única maneira de movê-los."

Além das teorias envolvendo a movimentação de estátuas, pesquisadores também acreditam que as estradas tinham formas ideais para facilitar o transporte das Moais. "Sempre que movem uma estátua, parece que estão construindo uma estrada. A estrada faz parte do processo de mover a estátua", explica Lipo. "Na verdade, vemos as duas se sobrepondo, e muitas versões paralelas delas. O que eles provavelmente estão fazendo é abrir um caminho, movê-lo, abrir outro, abrir mais um e movê-lo para a direita em certas sequências. Então, eles estão gastando muito tempo na parte da estrada ."

 Carl Lipo Exemplo de um moai de estrada que caiu e foi abandonado após uma tentativa de reergue-lo escavando sob sua base, deixando-o parcialmente enterrado em ângulo. — Foto: Carl Lipo

Para o pesquisador, não existem outras explicações sobre como as estátuas “andavam” além do estudo atual. "Encontre alguma evidência que mostre que ele não poderia estar andando. Porque nada do que vimos em lugar nenhum refuta isso", ressalta Lipo. "Na verdade, tudo o que vemos e pensamos continua fortalecendo o argumento."

Para Lipo, a pesquisa também é uma forma de homenagear o povo Rapa Nui, que foram capazes de praticar métodos da engenharia sem muitos recursos. "Isso mostra que o povo Rapa Nui era incrivelmente inteligente. Eles descobriram isso", disse Lipo. "Eles estão fazendo isso de uma maneira que é consistente com os recursos que têm. Então, isso realmente honra essas pessoas, dizendo: vejam o que eles foram capazes de alcançar, e temos muito a aprender com eles nesses princípios."

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