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A civilização parta, ou Império Arsácida, foi uma das principais potências da Pérsia Antiga no século 3 d.C. Esse povo era conhecido por suas habilidades militares e táticas de guerra. Não à toa, tinha destaque na metalurgia, criando armas e acessórios, como arnês para cavalos, e eram habilidosos no uso de arco e flecha.
Um novo estudo, publicado no International Journal of Osteoarchaeology, relatou a descoberta dos restos mortais de um antigo cidadão parta. A ossada em questão se destaca por algo curioso: tinha uma flecha alojada em um osso da perna.
No período entre 2016 e 2018, foram encontrados 77 restos mortais no sítio arqueológico de Liyar-Sang-Bon, localizado na província de Guilan, no Irã. As ossadas mais recentes encontradas na região pertenciam um homem adulto. O fóssil estava em uma posição flexionada, com as pernas dobradas e mal preservado. Algumas partes do esqueleto, como partes da pélvis, costelas, vértebras e braço esquerdo não estavam no local.
Os restos mortais estavam junto a alguns artefatos de metal e de cerâmica, como um jarro produzido de forma precária. A peça guardava os restos mortais de um pássaro e vestígios de fumaça.
Os pesquisadores observaram que o fóssil do homem tinha um objeto encravado na tíbia direita através de uma análise com raios X fluorescentes e tomografias computadorizadas.
O objeto em questão se tratava de uma ponta de flecha de metal com três lâminas, medindo 44 milímetros de comprimento e 15 mm de largura. A análise do artefato comprova que a flecha pertencia aos partas. Um tecido ósseo denso começou a se formar ao redor da flecha após o incidente, indicando um processo de cicatrização. Na formação do novo osso não havia sinais de infecção.
O autor do estudo, Mohammad Reza Eghdami, ressalta que não foi possível estabelecer por quanto tempo o indivíduo sobreviveu após o impacto.
"Não é possível determinar o tempo exato. No entanto, a estrutura óssea mostra sinais de cicatrização, e a condição externa do ferimento sugere que um período significativo de tempo se passou e que o processo de cicatrização já ocorreu”, disse em comunicado.
"Infelizmente, nenhuma outra evidência de penetração ou ferimentos relacionados à guerra foi identificada nesta ossada, exceto por um caso [separado] envolvendo um ferimento de faca na garganta e na maxila. No entanto, inúmeras armas foram descobertas no local do sepultamento”, ressalta Eghdami. A ponta da flecha contém um desenho intrincado, indicando a habilidade metalúrgica da civilização parta.
Como a ponta da flecha não foi retirada do osso, os pesquisadores acreditam que os partas tinham limitações técnicas e que, provavelmente, a medicina era pouco avançada. No entanto, pouco se sabe sobre as práticas medicinais dessa civilização. "Informações científicas sobre o período parta continuam escassas e, lamentavelmente, nenhum dado verificado foi obtido sobre o assunto”, ressalta Eghdami.
Com mais estudos sobre as plantas medicinais e da paleobotânica da área, será possível ter mais conhecimento sobre as práticas dos partas que envolvam saúde — inclusive como realizavam os partos. O fóssil e o artefato encontrado demonstram a eficácia do armamento dos partas, além de oferecer novos questionamentos sobre a capacidade médica na região.