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Projetos para legalização do uso da cannabis têm corrido o mundo, fazendo aumentar o número de usuários em diferentes países. Com mais dados sobre os efeitos a longo prazo, novas pesquisas começam a encontrar associações até então desconhecidas. Agora, um estudo apresentado na Reunião Anual da Associação Europeia para o Estudo de Diabetes (EASD) – que aconteceu em Viena, na Áustria, de 15 a 19 de setembro –, indica a possibilidade do consumo de cannabis estar associado ao maior risco de se desenvolver diabetes tipo 2.
Uma equipe liderada pelo médico Ibrahim Kamel, do Boston Medical Center, nos EUA, analisou registros eletrônicos de saúde de 54 organizações de assistência médica para identificar 96.795 pacientes com diagnósticos relacionados à cannabis – variando de uso ocasional a dependência –, entre 2010 e 2018. Os pacientes tinham, em média, entre 18 e 50 anos, e as mulheres corresponderam a 52,5% dos dados analisados.
Esses pacientes tiveram os seus dados comparados com as informações de 4.160.998 indivíduos saudáveis, com base na idade, sexo e histórico de doenças. Os pesquisadores acompanharam essas pessoas por cinco anos.
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A associação entre o desenvolvimento de diabetes tipo 2 e o uso de cannabis apareceu após uma checagem de condições médicas. Após controlar o colesterol, a pressão alta, doenças cardiovasculares, o uso de substâncias – como cocaína e álcool – e outros diferentes fatores de risco à vida, os pesquisadores descobriram que novos casos de diabetes foram maiores no grupo da cannabis em relação ao grupo dos pacientes com quadros clínicos saudáveis.
Análises estatísticas revelaram que os usuários de cannabis tinham quatro vezes mais risco de desenvolver diabetes tipo 2 quando comparados aos não usuários.
Mais estudos são necessários
Em comunicado, Kamel defendeu que “à medida que a cannabis se torna amplamente disponível, socialmente aceita e legalizada em várias jurisdições, é essencial entender seus potenciais riscos à saúde”. Por isso, o médico também reconhece que a análise feita por ele e seus colegas precisa ser revisada.
Além de conhecer os efeitos metabólicos a longo prazo do uso da cannabis, os pesquisadores também procuram conhecer as consequências endócrinas da planta, sobretudo dos seus produtos e formatos -- como a cannabis comestível.
Apesar dos resultados serem significativos, Kamel destaca que se tratou de um estudo retrospectivo e que, portanto, ainda não se pode comprovar que o uso de cannabis causa diabetes tipo 2. “Essas novas visões de evidências destacam a importância de integrar a conscientização sobre os riscos do diabetes ao tratamento e aconselhamento sobre transtornos por uso de substâncias”, observou.
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