Estes pássaros aprendem mais com os irmãos do que com os próprios pais

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Nas relações humanas, é muito comum que pessoas desenvolvam um relacionamento de confiança e aprendizado com os irmãos. No mundo animal, isso também é possível. Prova disso é um estudo publicado na revista científica PLOS Biology , na última quinta-feira (9), que revela que algumas espécies de pássaros podem usar como referência mais os irmãos do que os próprios pais.

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A pesquisa foi desenvolvida por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Davis, conjuntamente em parceria com o Instituto Max Planck de Comportamento Animal. O estudo analisou quais são as formas de aprendizagem social em pássaros jovens que vivem na natureza, principalmente quando o cuidado parental não é relevante.

“Grande parte do nosso conhecimento sobre aprendizagem social em jovens provém de espécies com longos períodos de cuidado parental, incluindo humanos”, disse uma das autoras do estudo, Sonja Wild, em comunicado. “Grande parte do aprendizado vem dos pais, pois tanto os filhos quanto os pais passam muito tempo juntos. Mas o que acontece com a transferência de conhecimento quando o cuidado parental é limitado?”

Os cientistas usaram como modelo o pássaro chapim-real (Parus major). Durante 10 semanas, os pesquisadores apresentaram quebra-cabeças de alimentação para 51 casais e para os seus 229 filhotes recém-nascidos. Para ser resolvido, os quebra-cabeças poderiam ser deslizados para a esquerda ou para a direita. Caso a ave conseguisse resolver o enigma, ela ganhava uma bandeja com larvas de farinha - um petisco muito apetitoso para os pássaros.

 Sonja Wild/Universidade da Califórnia em Davis Um chapim-real voa com um verme da farinha no bico após resolver um quebra-cabeça de busca por comida em uma porta deslizante — Foto: Sonja Wild/Universidade da Califórnia em Davis

“Caixas de quebra-cabeça totalmente automatizadas nos permitiram coletar dados de alta resolução sobre centenas de pássaros”, explica Wild. “Isso produziu dezenas de milhares de soluções que ajudaram a desvendar os caminhos de aprendizagem e as estratégias de tomada de decisão que os jovens empregaram durante sua transição para a independência.”

A equipe analisou o comportamento dos animais envolvidos e observou que quando os pais eram habilidosos, os pássaros jovens tinham maiores probabilidades de resolverem o quebra-cabeça. Entretanto, os jovens eram mais influenciados pela forma que os irmãos e os adultos que não eram seus pais solucionavam problemas.

Cerca de 75% dos pássaros jovens, dos primeiros grupos de irmãos, aprenderam com adultos que não eram seus pais, enquanto aproximadamente 25% foram influenciados pelos seus pais. Nos grupos subsequentes, 94% dos jovens resolveram o quebra-cabeça junto com seus irmãos.

O estudo descobriu que os pássaros irmãos e adultos podem influenciar e ensinar habilidades importantes na ausência dos pais. As informações ajudam a comunidade científica a entender o comportamento das aves nos casos em que a participação parental não existe ou é mínima. “Quando saem do ninho, não sabem de nada”, afirma Wild, sobre o chapim-real.

Para os pesquisadores, isso pode ter a ver com a relação mais distante que os pássaros têm com seus genitores. “Tudo o que têm são cerca de 10 dias de cuidados parentais para descobrir tudo. Os filhotes gostariam de estender esse tempo. Eles seguem os pais e continuam implorando, mas os pais estão exaustos e começam a recuar. Portanto, as pressões de seleção são muito fortes para que os filhotes descubram rapidamente como encontrar comida por conta própria".

Obter conhecimento sobre o comportamento dos animais pode contribuir para que mais meios de conservação sejam elaborados para preservar a vida selvagem. “Quanto mais diversas forem as culturas animais, mais resilientes serão as populações à extinção e capazes de lidar com as flutuações ambientais. Essas espécies são menos vulneráveis ​​porque têm muitos modelos diferentes dos quais podem extrair informações culturais e sociais”, finaliza Wild.

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