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Após anos com um programa piloto bem-sucedido, a Irlanda pretende tornar permanente o fornecimento de renda básica para artistas do país. O Basic Income for the Artists (BIA) prevê que 2 mil artistas recebam um valor de US$ 1.500 por mês para auxílio nos seus projetos criativos.
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Foi entre 2022 e 2025 que o governo irlandês implementou, em etapa de teste, um programa que oferecia 325 euros (cerca de R$ 2,5 mil na cotação atual) por semana para 2 mil artistas. A ideia surgiu no período da pandemia, quando várias instituições de promoção à cultura na Irlanda foram obrigadas a fechar e muitos profissionais perderam sua forma de sustento.
A ex-ministra da Cultura, Catherine Martin, elaborou uma força-tarefa para criar formas de apoiar artistas irlandeses afetados pelo período de reclusão. Surgiu, então, o programa piloto do BIA.
O jornal americano relatou que mais de 9 mil pessoas se inscreveram no programa piloto, com 8,2 mil delas sendo consideradas elegíveis e 2 mil selecionadas aleatoriamente para receber o auxílio.
No novo programa, previsto para começar a partir de 2026, 2 mil artistas serão selecionados para receber 1,5 mil dólares (cerca de 8,1 mil reais) por mês. Segundo informações do site ARTnews, o processo de seleção se iniciará com inscrições em setembro de 2026, ainda sem divulgação dos critérios de elegibilidade.
Caso haja mais financiamento disponível, uma cláusula do programa permite que artistas adicionais recebam a renda, de acordo com a emissora irlandesa RTÉ.
A iniciativa de oferecimento de renda mensal a artistas não é algo novo, porém a Irlanda se destaca por estabelecer o projeto com financiamento do governo e, a partir de agora, de forma permanente.
Efeitos de um programa bem-sucedido
Em divulgação de um relatório feito pela consultoria Alma Economics, constatou-se que o programa piloto custou mais de 72 milhões de euros, mas gerou quase 80 milhões de euros em benefícios totais para a economia irlandesa.
Além de constatar que a renda dos artistas beneficiários aumentou em média mais de 500 euros por mês e a dependência de outros programas sociais diminuiu, o relatório ainda estimou que o BIA, em sua forma permanente e ampliada, resultaria em artistas produzindo 22% mais obras, diminuindo o custo médio da arte para os consumidores em 9 a 25%.
“Do ponto de vista financeiro, é extremamente benéfico. Mas além disso, acho que é algo intangível que as artes oferecem à cultura e à sociedade em geral, que é mais difícil de medir, mas que ainda assim é extremamente valioso”, diz Patrick O’Donovan, atual ministro da Cultura da Irlanda, à CBC Radio.