Embrião feito em laboratório consegue produzir suas próprias células de sangue

há 1 mês 19
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Cientistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, desenvolveram em seu laboratório estruturas semelhantes a embriões humanos capazes de produzir suas próprias células sanguíneas (hemácias). O feito representa um avanço significativo na compreensão dos primeiros estágios do desenvolvimento humano e na possibilidade de criar tratamentos personalizados para doenças do sangue.

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A pesquisa rendeu a publicação de um artigo nessa segunda-feira (13) na revista Cell Reports. E ela sugere ainda que a capacidade de gerar células-tronco sanguíneas fora do corpo pode, no futuro, permitir que pacientes que necessitam de transplantes de medula óssea sejam tratados com células derivadas de seu próprio corpo, eliminando o risco de rejeição.

“Foi um momento emocionante quando a cor vermelho-sangue apareceu no prato – era visível até a olho nu”, relata Jitesh Neupane, autor da pesquisa, ao jornal The Guardian. Segundo ele, o modelo ajuda a entender como as células sanguíneas se formam durante a embriogênese humana, fornecendo novas ferramentas para o estudo do sistema imunológico, o entendimento de doenças (como a leucemia) e o desenvolvimento de medicamentos.

Produção de células fora do corpo

O método desenvolvido para a produção de hemácias dispensa o uso de óvulos e espermatozoides. A partir de células-tronco humanas, as quais podem ser criadas de qualquer célula do corpo, os cientistas reproduziram algumas das estruturas e processos que ocorrem entre a terceira e a quarta semanas de gestação.

Essas estruturas auto-organizadas formam, em poucos dias, as três camadas germinativas básicas do corpo humano: ectoderme, mesoderme e endoderme. No 8° dia, surgiram células cardíacas pulsantes e, no 13º, manchas vermelhas indicaram a presença de células sanguíneas em formação.

As células-tronco sanguíneas obtidas dessas estruturas mostraram-se capazes de se diferenciar em vários tipos de células do sangue. Isso inclui, por exemplo, os glóbulos vermelhos, responsáveis pelo transporte de oxigênio, e os glóbulos brancos, fundamentais para o sistema imunológico.

De acordo com o que disse ao The Guardian o professor Azim Surani, outro pesquisador, “a capacidade de produzir células sanguíneas humanas em laboratório ainda está em estágios iniciais”. Apesar disso, “já marca um passo significativo em direção a futuras terapias regenerativas, que usam as próprias células do paciente para reparar e regenerar tecidos danificados”, destaca ele.

Vale lembrar que o modelo foi projetado especificamente para não apresentar os tecidos que formam a placenta e o saco vitelínico em um embrião natural. Assim, ele não tinha o potencial teórico de se desenvolver em um feto, nem dar origem aos tecidos que formam o cérebro.

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