Doença rara é identificada em ossos de criança do século 12

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O esqueleto de uma criança com mais de 900 anos apresenta evidências de uma doença rara, a hiperostose cortical infantil (HIC) - que, atualmente, afeta cerca de 3 em cada mil crianças até os seis meses de vida. O fóssil foi localizado no sítio arqueológico de Afrodísias, na Turquia, e um estudo sobre os achados foi publicado na revista científica Childhood in the Past.

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As análises revelaram que as ossadas datam no século 10 a 12 no período Bizantino, e que a criança tinha cerca de 2 a 3 anos de idade. O número exato foi algo um tanto difícil de cravar, de acordo com os especialistas, já que os ossos longos pareciam de uma criança com idade entre 1,5 a 2 anos, enquanto os dentes remeteram entre 2,5 e 3,5 anos.

A cova encontrada nas escavações, denominada “Tumba 73A”, continha fósseis de dois adultos e duas crianças. Uma delas tinha deformações incomuns nos ossos, como espessamento e inchaço — inclusive no maxilar, na escápula (ossada da parte superior das costas) e no braço esquerdo. O que mais chamou a atenção foi a ulna (osso do antebraço) que tinha o dobro de tamanho em comparação com o estado normal.

A equipe queria determinar quais doenças ou causas poderiam ter ocasionado alterações nas formas e nas espessuras ósseas. Para isso, eles compararam o fóssil com restos esqueléticos de crianças com descrições e padrões já conhecidos de alterações ósseas causadas por anemias hemolíticas, escorbuto, raquitismo, tuberculose, abuso infantil e hiperostose cortical infantil (HIC), também conhecida como doença de Caffey.

Após todas as comparações, os ossos apresentaram características mais semelhantes com a doença de Caffey. A doença rara causa espessamento assimétrico ósseo devido a uma inflamação na camada que reveste o osso (periósteo), afetando o sistema esquelético e os tecidos ao redor. A condição afeta principalmente a mandíbula, o antebraço (ulna), a tíbia, a clavícula, a escápula e as costelas.

A HIC se desenvolve em torno dos 5 meses de vida, mas pode aparecer enquanto o bebê nasce e até mesmo quando ele está no útero. A doença pode se resolver espontaneamente após 6 a 9 meses após seu surgimento, em torno dos 2 ou 3 anos de idade. Mas, em alguns casos raros, a condição pode reaparecer. O fóssil encontrado no novo estudo apresenta sinais de recuperação antes da criança morrer.

Os ossos são sensíveis a fatores ambientais, como desnutrição e doenças, que podem causar deformações. A HIC afeta a mandíbula, dificultando a alimentação da criança, contribuindo para o desenvolvimento de desnutrição e afetando o desenvolvimento ósseo. Foi devido a esses fatores que os pesquisadores encontraram divergências na determinação da idade da criança.

Existem poucos casos arqueológicos conhecidos de HIC. Até mesmo nos dias atuais existem algumas dificuldades no diagnóstico. Os principais sintomas incluem febre, irritabilidade, inchaço nos tecidos moles e espessamento ósseo. Existem hipóteses considerando que a doença pode ter relação com fatores hereditários.

"Infelizmente, a causa da morte não pode ser determinada na maioria dos casos em que temos apenas restos mortais esqueléticos. É possível que o indivíduo tenha falecido de HIC, de complicações decorrentes da HIC ou de um assunto completamente alheio”, disse o autor do estudo, Duru Yağmur Başaran, em comunicado. A pesquisa contribui para ampliar o conhecimento de doenças que ocorriam na pré-história.

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