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“A Papuda lhe espera. Um forte abraço”. O que era uma piada feita por Jair Bolsonaro, hoje, pode se tornar a realidade do ex-presidente. Isto após a resolução tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de condená-lo, com maioria de votos, a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado. O julgamento foi finalizado nesta quinta-feira (11), com votos dos ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Flávio Dino e Cristiano Zanin a favor da condenação.
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Contudo, ainda há incerteza sobre se Bolsonaro cumprirá mesmo a pena no presídio da capital federal. A possibilidade tem movimentado os bastidores da política em Brasília, bem como tem gerado especulações entre especialistas. Mas, a decisão, que será tomada pelo ministro Alexandre de Moraes, ainda permanece sigilosa.
O Complexo Penitenciário da Papuda chama a atenção pela sua notoriedade nacional. Afinal, o presídio já alocou diferentes presos políticos, incluindo àqueles detidos por ações penais como o mensalão e o petrolão. Mesmo assim, o destino de Bolsonaro é cogitado em outras três opções principais: a manutenção da prisão domiciliar; uma cela especial na Superintendência da Polícia Federal no DF; ou no Comando Militar do Planalto.
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O Complexo Penitenciário da Papuda
Inaugurado em 16 de janeiro de 1979, o presídio pertence à região administrativa do Jardim Botânico, às margens da rodovia que liga Brasília ao município mineiro de Unaí. Na época de sua inauguração, a Papuda contava com apenas dez guardas de vigilância e capacidade para comportar 240 presos. Hoje, há cerca de 12 mil detentos, mesmo com uma capacidade estipulada para 5.300.
Considerada uma penitenciária de segurança máxima, a Papuda é um complexo de quatro detenções. A área compreende ao Centro de Detenção Provisória (CDP) – para presos em regime provisório –, o Centro de Internamento e Reeducação (CIR) – para presos em regime semiaberto – e as Penitenciárias I e II do DF, que abrigam presos em regime fechado.
Antes, a área pertencia a três fazendas: Taboquinha, Papuda e Cachoeirinha. Juntas, a propriedade correspondia a cerca de sete mil alqueires (dezenas de milhares de campos de futebol) e pertenciam ao município de Luziânia (GO) até serem desapropriadas, entregues à União e utilizadas para construção da capital Brasília.
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A fazenda Papuda era quase uma centenária quando foi desocupada para “dar espaço” ao projeto de nova capital do país, idealizado por Juscelino Kubitschek na década de 1960. A escritura da propriedade data de 26 de junho de 1900, mas os limites originais do terreno – encontrados em um livro de registros – datam de 1869.
Passados tantos anos, a explicação sobre o nome “Papuda” se perdeu entre relatos e oralidades. Há diferentes versões propagadas, mas a mais comum é a de que a fazenda pertencia a três irmãs. Uma delas tinha bócio – um tipo de "papo" no pescoço gerado pelo aumento da glândula da tireoide, associado à deficiência de iodo na alimentação.
Outra versão envolve um casal de negros que viviam na fazenda. A história conta que, assim como uma das irmãs, ambos sofriam de bócio. De apelido, o nome pegou e a propriedade passou a ser conhecida como tal.
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A sede da fazenda seguia um modelo de arquitetura bandeirista e foi mantida por pessoas escravizadas por muitos anos. Seus moradores e empregados produziam arroz, milho e feijão para consumo próprio, mas a presença de canaviais na propriedade também os levou a fabricar e comercializar rapadura e açúcar.
No governo de Juscelino Kubitschek, marcado pela construção de Brasília, a Papuda foi uma região cobiçada pela sua riqueza de recursos naturais. Na área havia madeiras nobres – como aroeira, landim e cedro –, bem como ricas jazidas de argila que, mais tarde, levaram à instalação de olarias para a fabricação de telhas e tijolos que serviram à construção da capital.