COP30 em números, dia 3: 11 pontos para entender o que aconteceu nesta quarta-feira

há 1 semana 11
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A nível internacional, a invasão ao Pavilhão Azul (local que concentra a imprensa na COP30), que ocorreu na terça-feira (11), continuou sendo o fato mais discutido. Mas, se você perdeu as principais discussões do dia (e o que avançou na agenda ambiental), aí vai um resumo, 11 números:

É o número de movimentos sociais que compõem a Cúpula dos Povos, um agrupamento de movimentos sociais e ativistas em prol dos direitos dos povos originários e comunidades tradicionais. Na COP30, o grupo terá uma agenda extensa com atividades culturais, debates e atos políticos. A programação completa está no site oficial.

Os trabalhos foram iniciados nesta quarta-feira com uma Barqueata que levou mais de 200 embarcações à Baía do Guajará, em Belém, em ato pela defesa da Amazônia. Segundo a Cúpula dos Povos, cerca de 5 mil pessoas de 60 países participaram do ato. Entre eles estavam lideranças históricas da luta indígena no Brasil, como o cacique Raoni Metuktire, a ativista Alessandra Korap Munduruku e representantes dos povos Kayapó, Panará, Borari, Tupinambá, Xipaya, Arapiun, Huni Kuin e Kayabi, entre outros.

“A nossa luta é contra esses portos corporativos, contra as hidrovias e contra a Ferrogrão, mas a gente também tem a resposta. A resposta é a agroecologia, é a comida boa sem veneno, é a solidariedade com o povo, são as cozinhas solidárias, é a distribuição de comida de graça porque comida é direito, não é mercadoria. A resposta é a infraestrutura que vem do povo e não a que beneficia bilionários do agronegócio. A resposta são os territórios vivos, as terras demarcadas, a floresta em pé e o rio limpo, com peixe saudável — não o rio contaminado de mercúrio e soja”, afirmou, em comunicado à imprensa, Pedro Charbel, da Aliança Chega de Soja.

Um dos principais objetivos da COP30 é a aprovação da Meta Global de Adaptação (GGA, na sigla em inglês), um documento que traz 100 indicadores globais de adaptação. Ter esses indicadores definidos é essencial para que se comece a viabilizar financeiramente as ações de mitigação.

Em entrevista coletiva na tarde de hoje, a diretora do Departamento de Clima do Ministério das Relações Exteriores (MRE), embaixadora Liliam Chagas, revelou que o Grupo Africano, que representa 54 países do continente, tem defendido estender o trabalho técnico por mais dois anos e postergar a decisão final para 2027. Essa proposta preocupa países e observadores porque pode atrasar a definição das metas.

“Faremos tudo o que pudermos dentro do tempo disponível. Este é o segundo dia de negociações, temos até o final da próxima semana para trabalhar nesses indicadores", disse a embaixadora aos jornalistas, frisando que sua prioridade é aprovar a GGA ainda em 2025.

... de toneladas de gelo. É o que a Groenlândia perde em uma hora, 24 horas por dia. O dado foi usado na abertura da apresentação do ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, que está na COP30 em nome da Climate TRACE, uma coalizão independente que monitora e publica informações sobre emissões de gases de efeito estufa, formada por 165 organizações.

“Toda hora de todos os dias, 30 milhões de toneladas desaparecem da Groenlândia”, disse ele, que abriu sua palestra falando dos oceanos e sobre como a maior parte da temperatura extra causada pelas mudanças climáticas é absorvida pelos mares. Ele explicou que esse aquecimento leva a maior evaporação, o que leva a uma maior quantidade de água na atmosfera, causando mais chuvas. Citou como exemplos as enchentes que ocorreram no Paquistão em agosto, em julho na China e em maio no Rio Grande do Sul.

É o número de drones não autorizados sobrevoando o evento que a Polícia Federal identificou, segundo comunicado divulgado nesta quarta-feira (12). O monitoramento abrange o período entre os dias 31 de outubro e 10 de novembro, primeiro dia da conferência. A pilotagem de drones está proibida em todas as “áreas sensíveis” da COP30, o que inclui o Parque da Cidade (sede do evento), o Aeroporto Internacional de Belém e o Porto Outeiro.

.... de Sul Global. O IBGE lançou hoje, durante a COP30, uma nova versão do mapa-mundi com Belém no centro do mundo. O presidente do órgão, Marcio Pochmann, explicou em sua conta no X/Twitter a escolha do mapa: “Nos últimos 200 anos, o projeto de modernidade Ocidental, conduzido a partir do Norte Global, tornou o mundo insustentável ambientalmente. Que os próximos 200 anos ofereçam outras perspectivas de modernidade, tendo o protagonismo do Sul Global. Por isso, o mapa-múndi invertido. Por isso, a centralidade do Brasil”. Em maio, o IBGE já havia lançado uma versão “invertida” do mapa-mundi, com o Brasil no centro.

É a quantidade de pessoas que habitam nas Unidades de Conservação da Amazônia Legal. A informação vem do novo estudo “Áreas Protegidas na Amazônia Legal: Um retrato ambiental e estatístico”, apresentado pelo IBGE hoje na COP. A publicação faz um recorte especial a partir de dados que já haviam sido divulgados, especialmente relacionados ao Censo 2022.

Dados importantes do documento:

  • A Amazônia Legal soma 2,3 milhões de quilômetros quadrados protegidos, o que representa 46,6% da área total da região político-administrativa, que se espalha por nove estados
  • As 1.053 áreas protegidas são formadas por 430 unidades de conservação ambiental, 378 terras indígenas e 245 territórios quilombolas. Esse conjunto representa praticamente um quarto (27,46%) de todo o território brasileiro
  • 84,11% da população do país que vive em reservas ou florestas vive na Amazônia Legal
  • 98,04% dos habitantes das Terras Indígenas, 96,90% dos habitantes dos Territórios Quilombolas e 75,19% dos habitantes das Unidades de Conservação têm acesso precário a água, esgoto ou coleta de lixo. No país como um todo, são 27,28%
  • Taxas de analfabetismo: 22,74% nas Terras Indígenas, 17,87% nos Territórios Quilombolas e 12,92% nas Unidades de Conservação. No país como um todo, a taxa é de 7%
  • Habitantes na Amazônia Legal: 428.105 pessoas nas Terras Indígenas, 91.784 nos Territórios Quilombolas e 2.269.009 nas Unidades de Conservação

Esse é o valor que diversas entidades internacionais querem que a Alemanha doe ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). Após a Alemanha se retirar das negociações na Cúpula dos Líderes, na semana passada, sem fazer uma doação, mas prometendo uma “grande soma” no futuro, 13 organizações apresentaram ontem à noite uma carta aberta ao chanceler Friedrich Merz, que está no evento.

Essas entidades, que incluem Germanwatch, Deutsche Umwelthilfe e Plant-for-the-Planet, pedem que a Alemanha doe pelo menos US$ 2,5 bilhões ao fundo e que faça o anúncio ainda durante a COP30. A doação estaria em linha com o que prometeu a Noruega, que assumiu o compromisso de doar US$ 3 bilhões ao longo de dez anos.

É o tempo durante o qual a Área de Proteção Ambiental Triunfo do Xingu, no Pará, receberá o valor de US$ 15 milhões anuais destinados a esforços de restauração florestal. O valor virá integralmente do setor privado, mas possui garantia do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), de modo que esta é a primeira vez em que um banco multilateral de desenvolvimento decide garantir uma iniciativa de restauração florestal na Amazônia.

O anúncio foi feito pela ministra do Planejamento e Orçamento (MPO), Simone Tebet, e pela secretária de Assuntos Internacionais e Desenvolvimento do Ministério, Viviane Vecchi, nesta quarta-feira. “Além de inovadora do ponto de vista ambiental, essa operação inova em sua estruturação financeira, o que ajudará os estados brasileiros a canalizarem recursos para o desenvolvimento em projetos ambientais e sociais”, disse a ministra.

Segundo comunicado do governo, durante o período da concessão, espera-se:

  • 9.980 hectares de florestas restauradas e conservadas
  • 3,7 milhões de toneladas de CO2 sequestradas
  • US$ 2,5 milhões investidos nas comunidades locais
  • 2.000 empregos gerados
  • Mais de US$ 46 milhões em investimentos
  • Impulso à bioeconomia, cadeias produtivas locais e inclusão social

O BNDES anunciou que garantiu a captação de R$ 21 bilhões em novos financiamentos internacionais para projetos de transição energética. O valor virá principalmente de instituições financeiras, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Banco Japonês de Cooperação Internacional (JBIC) e o Banco de Desenvolvimento Alemão (KfW).

Desse total, o BNDES anunciou que R$ 11,93 bilhões terão como destino:

  • R$ 2,674 bilhões (US$ 500 milhões) para fundos especiais como o Fundo Clima
  • R$ 5,348 bilhões (US$ 1 bilhão) para apoiar micro, pequenas e médias empresas voltadas ao desenvolvimento produtivo nos biomas Amazônia, Cerrado, Caatinga e Pantanal
  • R$ 4,011 bilhões (US$ 750 milhões) para ampliar o crédito e fomentar o emprego e a produtividade em regiões amazônicas

É o número de propostas conjuntas elaboradas pelos nove estados do Nordeste. O compromisso foi lançado hoje na COP30 o documento “Plano Brasil Nordeste de Transformação Ecológica”. O texto foi construído de forma colaborativa, com a participação de movimentos sociais, acadêmicos, comunidades tradicionais, povos originários, setor produtivo e gestores públicos. Ele apresenta 47 propostas e, dentro delas, 324 ações prioritárias. Pode ser acessado online.

Algumas das propostas apresentadas:

  • Desenvolver a Plataforma Nordeste de Investimento Climático (NIC) para estruturar projetos e atrair investimentos.
  • Fortalecer mercados de carbono por meio da criação de uma Plataforma de Ativos Ambientais do Nordeste (PAAN).
  • Investir em pesquisa, desenvolvimento e inovação para impulsionar a neoindustrialização sustentável do Nordeste.
  • Consolidar uma economia regional de baixo carbono, baseada no uso sustentável da biodiversidade da Caatinga.
  • Instituir um marco regulatório territorializado para a transição energética no Nordeste, assegurando geração local, armazenamento, comercialização e inclusão das áreas vulneráveis.
  • Fortalecer cadeias de biocombustíveis, bioenergia e biomassa com integração à agricultura familiar e inovação tecnológica.

É o valor, em dólares canadenses canadenses, destinado ao Fundo Brasil-ONU. O montante, que equivale atualmente a R$ 16,2 milhões, foi anunciado na terça-feira (11) pela Ministra do Meio Ambiente do Canadá, Julie Dabrusin, em evento no Pavilhão da ONU Brasil. Criado em 2022 na COP27, o Fundo Brasil-ONU para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia financia iniciativas que aliam proteção ambiental, inclusão social e dinamização econômica no bioma. O Fundo atualmente apoia projetos no Acre e no Maranhão, além de um programa para crianças e adolescentes indígenas em oito estados amazônicos.

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