COP30 em números, dia 11: 7 pontos para entender o que aconteceu nesta quinta-feira

há 4 dias 7
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O incêndio que aconteceu hoje na COP30 virou notícia no mundo todo. Além de gerar críticas à organização do evento, o incidente também paralisou as negociações, que estão em reta final. Isso aumentou as chances de a COP extrapolar seu prazo final, marcado para amanhã. Veja abaixo um resumo do que aconteceu de mais importante nesta quinta-feira (20), em 7 números.

“Pacote de Belém”. É esse o apelido do que pode ser o documento final da COP30, um grande apanhado com as principais decisões e comprometimentos da conferência. O pacote inclui itens como o Objetivo Global de Adaptação, a transição justa, o financiamento climático e orientações sobre o Fundo para Respostas a Perdas e Danos.

De acordo com o secretário-geral da ONU, António Guterres, o financiamento para medidas climáticas precisa triplicar até 2030. Em discurso na manhã desta quinta, ele fez um apelo para que os negociadores cheguem a um consenso e ressaltou a urgência do problema. Também ressaltou que o fim dos combustíveis fósseis precisa ser uma prioridade.

“Os combustíveis fósseis representam 80% das emissões. Portanto, não há solução para os problemas se não houver simultaneamente uma transição justa dos combustíveis fósseis para as energias renováveis”, disse Guterres.

É o número de pessoas que precisaram de atendimento por conta de inalação de fumaça após o incêndio que aconteceu hoje na hora do almoço na Zona Azul da COP30. Vídeos nas redes sociais registraram gritos e correria. Os participantes foram todos evacuados do pavilhão e, com isso, as atividades do dia precisaram ser paralisadas. Até o começo da noite, a Zona Azul permanecia fechada.

Os bombeiros formaram um cordão na entrada principal da COP para impedir que quaisquer pessoas entrassem na área durante as vistorias. Como muitos dos participantes deixaram objetos para trás, houve aglomeração na porta na expectativa de que pudessem entrar para pegar os pertences.

Segundo o ministro do Turismo, Celso Sabino, informações preliminares apontam que o fogo começou na área do estande da China. Um comunicado oficial afirma que o fogo foi controlado em 6 minutos.

Claudio Angelo, coordenador de política internacional do Observatório do Clima, ONG de ambientalistas, criticou duramente a organização da COP em entrevista à Globonews.

“Acho que dificilmente a relação entre a Casa Civil e a Convenção do Clima da ONU poderia ficar pior do que ela já está. A gente sabe dos vários problemas de infraestrutura que houve no caminho pra montagem da Zona Azul aqui de Belém. E não é novidade pra ninguém o estresse que isso causou com o bureau da Convenção do Clima, com vários países. De fato, é uma fatalidade, poderia sim ter acontecido em qualquer lugar, mas a chance maior de acontecer é nos lugares que se planejam pior. E a gente não pode dizer que o Brasil fez um planejamento perfeito pra essa COP. O planejamento de infraestrutura não foi adequado. As pessoas estão morrendo de calor aqui há duas semanas. O ar-condicionado não dá conta.”

A Turquia irá sediar a próxima COP, ficou decidido hoje em acordo na COP30. A Austrália desistiu após a concorrente se negar a recuar. O país da Oceania, no entanto, irá sediar as negociações pré-cúpula. Alguns representantes de países insulares do Pacífico expressaram desapontamento à agência de notícias AFP, pois esperavam que a próxima COP pudesse ter como tema central a questão dos oceanos.

É o número de eixos que dividem o “Plano de Aceleração de Soluções Terra: Juntos pela Expansão da Agroecologia e Agrofloresta Resiliente e Restaurativa”, apresentado ontem na COP pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA). Seu objetivo é ampliar os sistemas agroecológicos e agroflorestais.

Os eixos, apelidados de “alavancas norteadoras”, são:

  • 1. Organizações de Produtores – Fortalecer e trabalhar com redes territoriais de cooperativas e associações de agricultores familiares - com foco especial em mulheres e jovens - e suas federações.
  • 2. Capacitação e Co-inovação – Estabelecer e apoiar centros regionais de treinamento e redes horizontais de aprendizado em práticas e conhecimento agroecológico e agroflorestal.
  • 3. Financiamento misto (Blended Finance) – Canalizar recursos por meio de fundos fiduciários multi-doadores (por exemplo, ASAP+ no FIDA, ou FFF) para atrair investimentos públicos e privados e apoiar redes territoriais de agricultores familiares, em parceria com governos.
  • 4. Sementes, Bioinsumos, e Tecnologias Sustentáveis – Apoiar sistemas de sementes nativas e resilientes ao clima, produção e comércio de bioinsumos, e acesso a maquinário e tecnologias adaptadas aos agricultores familiares para aumentar a produtividade, a saúde do solo, e a renda.
  • 5. Agregação de Valor e Acesso a Mercados – Promover cadeias de valor inclusivas, inclusive com políticas de compras públicas e mercados digitais, para aumentar a renda dos agricultores e incentivar a transição agroecológica e agroflorestal.

A proposta é liderada pelo ministério em parceria com cinco organizações internacionais: Forest and Farm Facility (FFF), NOW Partners Foundation (NOW), Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Coalizão pela Agroecologia, e Aliança de Bioversity International e Ciat (CGIAR).

Essa é a área em hectares que o governo federal planeja proteger com o novo Programa de Proteção de Terras Indígenas (PPTI), lançado ontem na COP. Serão três cursos de ação: demarcar novos territórios, fortalecer as organizações indígenas e melhorar as gestões ambiental e territorial.

A Apib, a Articulação dos Povos Indígenas Brasileiros, é parceira no projeto, assim como o governo da Alemanha, que se comprometeu a participar.

“Nós temos apenas três dias para conseguir emplacar, no texto final, a demarcação de terras indígenas como uma política climática. Então, é muito importante, aqui, este programa que a Apib vem construindo, junto com a Alemanha, para se ter uma cooperação internacional com o governo brasileiro e o movimento indígena", declarou a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, no anúncio oficial.

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