COP30 em números, dia 1: 11 pontos para entender o primeiro dia do evento

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A partir desta segunda-feira (10), a GALILEU publicará diariamente uma coletânea de números que resume as discussões mais importantes de cada dia da COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), evento que acontece em Belém (PA) até o dia 21 de novembro. Vamos a ela.

É o aquecimento médio que o planeta poderia registrar caso as ações climáticas iniciadas pelo Acordo de Paris em 2015 não tivessem sido tomadas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lembrou esse índice em seu discurso de abertura, na manhã desta segunda-feira (10).

“Sem o Acordo de Paris, o mundo estaria fadado ao aquecimento catastrófico de quase 5ºC até o final do século. Estamos andando na direção certa, mas na velocidade errada. No ritmo atual, ainda avançamos a um aumento superior a 1,5°C na temperatura global. Romper essa barreira é um risco que não podemos correr”, disse.

Em seu discurso, Lula criticou o negacionismo científico e exaltou o multilateralismo como única saída para a questão climática. “A emergência climática é uma crise de desigualdade. Ela expõe e exacerba o que já é inaceitável. Ela aprofunda a lógica perversa que define quem é digno de viver e quem é digno de morrer. Mudar pela escolha nos dá a chance de um futuro que não é ditado pela tragédia. O desalento não pode extinguir as esperanças da juventude. Devemos aos nossos filhos, aos nossos netos, a oportunidade de viver em uma terra onde seja possível sonhar. Eu espero que a serenidade da floresta inspire todos nós à clareza de pensamento necessária para ver o que precisa ser feito”, disse o presidente.

...dos gases que provocavam o buraco na camada de ozônio. Foi o que o Protocolo de Montreal (1987) conseguiu reduzir em duas décadas de sua existência. O fato apareceu no discurso do presidente-designado da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, durante a cerimônia de abertura. Sua fala destacou que ainda é possível criar mudanças no meio ambiente com esforço conjunto e multilateral.

É o número de participantes da COP30 em Belém, segundo divulgado nesta segunda-feira (10) durante coletiva de imprensa. Desses, 5.000 estão participando remotamente. Estão presentes observadores, diplomatas, cientistas, representações de governos, organizações da sociedade civil, ativistas e movimentos sociais.

Foi o número de chefes de Estado presentes. Eles se dividem em 15 presidentes, 11 primeiros-ministros e 2 líderes da realeza. Esse número é menor que os 59 chefes de estado presentes na COP29, em 2024. 194 países, ao todo, enviaram delegações.

Esse é o valor por ano, até 2035, do Roteiro Baku-Belém, programa publicado no último dia 5 de novembro pelas presidências da COP do Azerbaijão e do Brasil. O documento é simbólico por reunir os governos dos países sede das COPs 29 e 30. Trata-se de um relatório propondo iniciativas para financiar medidas de combate ao aquecimento global nos países em desenvolvimento, incluindo a transição energética.

A verba deverá vir de fontes públicas e privadas, bilaterais e multilaterais. Entre as propostas apresentadas estão a criação de taxas sobre aviação e transporte marítimo (com potencial de arrecadar de US$ 4 a 223 bilhões por ano), a taxação de multinacionais (potencial de até US$ 540 bilhões por ano), a taxação de grandes fortunas pessoais (potencial de até US$ 1,3 trilhão por ano), a revisão das políticas dos bancos multilaterais de desenvolvimento, ou MDBs (potencial de liberar até US$ 390 bilhões adicionais em capacidade de empréstimo até 2030), e um novo imposto sobre transações financeiras, aplicado a mercados de ações, títulos e derivativos, que poderia gerar até US$ 327 bilhões anuais.

“Se os homens que fazem guerra estivessem aqui nessa COP, eles iriam perceber que é muito mais barato colocar 1,3 trilhão de dólares para acabar com um problema que mata do que colocar 2,7 trilhões para fazer guerra como fizeram no ano passado”, disse Lula na abertura da COP30.

É o preço da coxinha na área reservada a jornalistas brasileiros e estrangeiros durante a COP30. Água e refrigerante enlatados de 350 mL saíam a R$ 25. Sanduíche natural sai por R$ 35, a coxinha de frango, por R$ 45, e o brigadeiro, por R$ 20. Em outras lanchonetes do evento, os preços são similares. As lojas justificaram dizendo que parte do valor vai para a organização do evento. O ocorrido fez com que a hashtag #SustentabilidadeDeLuxo circulasse nas redes sociais.

É o percentual de comida vegetariana nos menus servidos na COP30, o que motivou críticas por parte do cantor inglês Paul McCartney. "Servir carne em um evento do clima é o mesmo que oferecer cigarros em uma conferência de prevenção ao câncer! A indústria animal da agricultura é a principal responsável por causar estragos no planeta, como desmatamento, catástrofe climática e incêndios. Por fim, o próprio local da COP30 confirma que refeições à base de plantas possuem uma pegada de carbono significativamente mais baixa, então eu insisto que você siga o exemplo e faça a conferência toda vegetariana", disse.

É o valor reunido pelo Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). Trata-se de uma das grandes apostas do governo federal para a COP30. Na semana que antecedeu a conferência, o fundo recebeu promessas de diversos aportes por parte dos países participantes.

A Noruega é a maior financiadora, tendo se comprometido com US$ 3 bilhões. Brasil e Indonésia confirmaram o aporte de US$ 1 bilhão cada, enquanto a França prometeu repassar US$ 500 milhões. Outras nações, como Portugal e Países Baixos, podem anunciar a participação ao longo da COP30. A Alemanha, entretanto, deixou a Cúpula dos Líderes, na semana passada, sem se comprometer a investir no TFFF, frustrando as expectativas brasileiras.

Na sexta-feira, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que a meta é alcançar US$ 25 bilhões. Ela também disse que os valores não são doações, e sim investimentos, no sentido de representarem um "pagamento pelos serviços ecossistêmicos prestados". Por esse motivo, não serão devolvidos. Ainda segundo a ministra, cerca de 50 países já aderiram à iniciativa — juntos, eles detêm mais de 90% das florestas tropicais do planeta.

Um dos objetivos do governo brasileiro na COP30, sob o chamado Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis, é quadruplicar o uso global de combustíveis sustentáveis até 2035. A iniciativa terá acompanhamento anual da Agência Internacional de Energia (AIE), e inclui hidrogênio verde, biogases, biocombustíveis e combustíveis sintéticos.

Apelidada Belém 4X, a iniciativa foi apresentada na Cúpula dos Líderes na última sexta-feira (7), que marcou a abertura política da COP30. 19 países já aderiram.

Brasil, Itália e Japão são os co-patrocinadores da iniciativa. Para os três países, há interesse direto e estratégico na adesão: o Brasil é um dos maiores produtores de biocombustíveis do mundo (em especial, o etanol), a Itália investe fortemente em pesquisa no setor e tem grandes empresas atuantes, como a Eni, e o Japão, que tem pouca área agrícola, precisa de opções para reduzir suas emissões nos setores de aviação e transporte marítimo, onde os biocombustíveis têm papel relevante.

Esse é o valor da doação anunciada pela Suíça ao Fundo Amazônia no domingo (9). Esse órgão, gerido pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), é tratado pelo governo federal como “o principal instrumento mundial de financiamento para ações de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+)”.

Com isso, o Fundo Amazônia, criado em 2008 para receber doações, atingiu um patamar inédito: chegou a mais de R$ 1,2 bilhão por ano em financiamentos, apoiando 650 instituições em 75% dos municípios da Amazônia. Até hoje, já foram 144 projetos aprovados.

É o número de cidades que passarão a ser monitoradas pelo Centro de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden) até 2026. Isso representa um aumento de 70% na população brasileira coberta pelos atuais 1.133 municípios contemplados. O órgão é o principal instrumento para monitoramento de desastres no Brasil.

O anúncio da expansão foi feito na COP30. Também deve ser criado um fundo para financiar projetos de prevenção a desastres em municípios de pequeno e médio porte. O ministro das Cidades, Jader Filho, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que haverá um aporte inicial de R$ 100 milhões e que a iniciativa privada será convidada a fazer contribuições.

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