Como uma usina nuclear nos EUA virou um santuário de crocodilos

há 2 semanas 15
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Os pântanos e os ecossistemas costeiros da Flórida, nos Estados Unidos, são conhecidos por abrigar grande biodiversidade. Agora, e se uma usina nuclear se tornasse o habitat perfeito para o desenvolvimento de um predador raro no estado? É o que parece estar acontecendo na usina de Turkey Point, em que os extensos canais de água usados para resfriamento viraram o lar de populações de crocodilos.

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Diferente do que possa parecer, a água presente nas 160 milhas (cerca de 257 km) de canais não é radioativa: o processo de resfriamento impede que a água entre em contato com o material radioativo, permitindo que os crocodilos vivam lá sem problemas. Mas por que, afinal, o lugar se mostrou como ideal para o desenvolvimento dos répteis?

Os crocodilos-americanos (Crocodylus acutus) fazem parte de uma espécie nativa e rara da Flórida, diferente dos jacarés-norte-americanos (Alligator mississippiensis), que podem ser encontrados aos milhares pelo território. Eles também são facilmente diferenciados pelo formato de seus focinhos – jacarés com focinho largo e arredondado e crocodilos com focinho estreito e pontiagudo.

Segundo documentário do canal PBS Terra, a população de crocodilos no sul da Flórida já chegou a atingir 3 mil indivíduos, mas a partir da década de 1970, o número despencou para poucas centenas. Um dos poucos santuários onde eles ainda podem ser encontrados é a usina Turkey Point.

Construída na década de 1960, ela fornece energia para quase um milhão de moradias no sul do estado da Flórida. Foi aproximadamente dez anos depois de sua construção, que pesquisadores descobriram ninhos de crocodilos ao longo dos canais de resfriamento.

 Acroterion/Wikimedia Commons A usina de Turkey Point se tornou um refúgio para populações de crocodilos que tiveram seus habitats costeiros e de água salobra ocupados por moradias humanas — Foto: Acroterion/Wikimedia Commons

“A intenção quando construímos a usina de energia e o sistema de canais não era criar um habitat incrível para espécies ameaçadas de extinção. Depois de criarmos e percebemos que tínhamos um ninho de crocodilos, começamos a aprender mais sobre os crocodilos que tínhamos aqui no local”, diz Jodie Gless Eldridge, diretora de serviços ambientais da FPL, em entrevista para a PBS.

Pesquisadores que atuam na observação e proteção do que é a área com maior concentração de ninhos de crocodilos-americanos no sul da Flórida explicam os três principais motivos para a permanência dos répteis no local.

O primeiro é que o sistema de canais de resfriamento consiste em “um ecossistema em si mesmo e, portanto, possui as presas que os crocodilos precisam para se alimentar”, como explica Gless. Os outros dois envolvem a presença de aterros elevados usados para nidificação (criação de ninhos) e a ausência de atividade humana na área.

A presença desses animais em Turkey Point vai além de uma solução de fuga diante da contínua ocupação humana de seus habitats: de acordo com a pesquisadora, eles já desempenham um papel fundamental neste ecossistema associado à usina. Pertencendo ao topo da cadeia alimentar, os crocodilos controlam outras populações e colaboram para a manutenção de um santuário pacífico e próximo a estoques de urânio enriquecido.

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