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A extração de minerais do fundo do mar ameaça o habitat de 30 espécies de tubarões, raias e quimeras, aumentando seu risco de extinção. Os impactos da mineração de alto mar no ecossistema marinho foram descritos em um estudo publicado na revista Current Biology na última quinta-feira (2).
A pesquisa, liderada pela Universidade do Havaí, ressalta que cerca de 18 das 30 espécies já estão ameaçadas de extinção. Estima-se que a mineração de alto mar cause perturbações intensas o suficiente para prejudicar a biodiversidade de animais marinhos.
“A mineração em alto mar representa uma nova ameaça potencial para esse grupo de animais, que são vitais tanto para o ecossistema oceânico quanto para a cultura e a identidade humanas”, disse o principal autor do estudo, Aaron Judah, em comunicado.
“Ao identificar e chamar a atenção para essa ameaça e recomendar potenciais caminhos de conservação, espero que estejamos melhor posicionados para sustentar populações saudáveis de tubarões, raias e quimeras no futuro”, ressalta.
A equipe também consultou a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos para identificar quais áreas estão reservadas para mineração. Para entender como a atividade impacta o ecossistema dos animais marinhos, levantaram algumas informações sobre como as espécies se reproduzem e a profundidade de mergulho. As máquinas utilizadas para a extração de minerais podem ameaçar os berçários marinhos de raias e quimeras, que normalmente depositam seus ovos no fundo do mar.
A equipe mapeou quais animais marinhos seriam mais prejudicados, sendo eles, o tubarão-baleia (Rhincodon typus), arraia-manta (Mobula birostris), tubarão-boca-grande (Megachasma pelagios), tubarão-pigmeu (Euprotomicrus bispinatus) e a quimera-de-nariz-pontudo (Hydrolagus trolli), popularmente conhecida como tubarão fantasma.
As análises revelaram que as plumas de descarga utilizadas na mineração podem prejudicar 30 espécies. Além disso, a perturbação ocasionada pela atividade pode impactar 25 animais marinhos.
Muitas dessas espécies vivem em diferentes camadas do oceano e algumas mergulham até grandes profundidades. Por isso, a mineração submarina pode afetar mais da metade da área de profundidade onde 17 espécies vivem. A atividade tem previsão para ocorrer na zona Clarion-Clipperton, uma fratura no Oceano Pacífico que se estende até ao redor do Havaí.
“Tubarões e seus parentes são o segundo grupo de vertebrados mais ameaçados do planeta, principalmente pela sobrepesca”, disse o coautor do estudo, Jeff Drazen. “Devido à sua vulnerabilidade, eles devem ser considerados nas discussões contínuas sobre os riscos ambientais da mineração em águas profundas, e os responsáveis pelo monitoramento de sua saúde devem estar cientes de que a mineração pode representar um risco adicional.”
Para a equipe, a mineração deveria ocorrer junto com projetos de conservação, como por exemplo, programas de monitoramento, avaliação de impacto ambiental e criação de áreas protegidas. Inclusive, a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos poderia aplicar essas recomendações através da contratação de cientistas capazes de avaliar como as espécies marinhas são prejudicadas pela mineração.
"Muitas das espécies de tubarões identificadas na análise são altamente móveis e podem se deslocar por amplas faixas do oceano", afirma Judah. "Dada sua mobilidade e a proximidade do Havaí às áreas alocadas para mineração, os impactos nessas áreas podem se estender indiretamente aos ecossistemas próximos ao arquipélago”. Os pesquisadores ainda estão analisando e mapeando as áreas de distribuição das espécies, com isso, mais animais podem ser incluídos ao grupo impactado pela mineração.