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Nem todo abraço é sinônimo de carinho. Embora o toque físico costume ser associado à intimidade e uma relação amistosa, uma nova pesquisa publicada em agosto na revista Current Psychology revela que, em certos casos, esse gesto pode ter intenções bem menos afetuosas. Conduzido por pesquisadores da Universidade de Binghamton, o estudo mostra que pessoas com traços de personalidade narcisistas e psicopatas usam o toque íntimo como instrumento de manipulação e controle.
O toque é um dos pilares da comunicação emocional entre humanos. Capaz de ativar a ocitocina – o chamado “hormônio do amor” –, um simples contato físico pode aliviar o estresse, acalmar a mente e até fortalecer os laços entre parceiros. Frente a tantos pontos positivos, os autores da pesquisa seguiram outra linha, e decidiram estudar as suas nocividades nas dinâmicas afetivas.
“A novidade em nosso trabalho não está apenas na identificação de usos problemáticos do toque: é na vinculação desses comportamentos ao tipo de pessoa que tende a usá-los com um parceiro romântico”, afirma Richard Mattson, da Universidade de Binghamton, em comunicado.
O estudo analisou a maneira como 526 estudantes universitários recebiam e respondiam ao toque físico. Os participantes responderam questões sobre seu grau de conforto ao serem tocados, a frequência com que evitavam o toque por desconforto e, principalmente, como e quando utilizavam o toque com seus parceiros.
Os resultados revelaram padrões distintos entre homens e mulheres. Entre os homens, o uso do toque esteve mais associado à insegurança: aqueles ansiosos quanto ao status do relacionamento recorriam ao contato físico como forma de garantir atenção e reafirmar o vínculo. Já os homens que evitam intimidade física frequentemente relataram desconforto ao serem tocados, independentemente de outros fatores.
No caso das mulheres, elas eram mais propensas a evitar o toque quando direcionado a elas, mas também a usá-lo como forma de manipulação, caso fossem pessoas com personalidades consideradas mais “obscuras”.
O “toque íntimo” é o contato físico que transmite proximidade, afeição ou conexão emocional. Esse toque é essencial no desenvolvimento de relacionamentos pessoais, desde o nascimento até a velhice — Foto: PxHere Por personalidades “obscuras”, os autores do estudo apontaram para os participantes que usavam o toque de forma manipulativa, aqueles pertencentes à “tríade sombria”, composta por três traços de personalidade: narcisismo (autoimagem inflada), maquiavelismo (manipulação intencional) e psicopatia (falta de empatia e impulsividade). Pessoas com essas características tendem a buscar vantagens pessoais nas relações interpessoais, inclusive nas demonstrações de afeto.
Segundo Mattson, o problema do uso de toque em relacionamentos que envolvem pessoas dessa tríade é que apenas um lado sai ganhando: o que manipula. Normalmente, esses relacionamentos costumam ser curtos, com muitos deles sendo marcados pela violência.
Os pesquisadores apontam que, em vez de funcionar como um termômetro de afeto e proximidade, o toque em certos contextos pode ser um indicador de desequilíbrio no relacionamento e até de abuso emocional. Com isso, o estudo também sugere que o toque pode ser usado como ferramenta clínica: identificar padrões de toque manipulativo pode ajudar psicólogos a propor intervenções precoces e acessíveis.
“Podemos alavancar o toque nesses cenários para desenvolver intervenções de linha de frente, especialmente para pessoas que não aprenderam a usá-lo de forma saudável e recíproca”, destacou Mattson em comunicado.
Estudo analisou como pessoas se orientam e trocam afeto por meio do toque — Foto: Maksim Sokolov/Wikimedia Commons Moral da história? Apesar da aparência semelhante entre gestos de carinho e ações de controle, a intenção por trás do toque faz toda a diferença. Em relacionamentos marcados por personalidades antagonistas e pouco empáticas, o abraço que deveria acolher pode, na verdade, servir como uma forma de pressão.

há 1 mês
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