Cochilou no ônibus e sentiu que estava caindo? Isso tem nome: mioclonia noturna

há 14 horas 1
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Imagine só: após um dia longo no trabalho ou na faculdade, você pega seu ônibus ou metrô para voltar para casa. Foi uma agenda cheia, com muitas atividades, e o cansaço logo toma conta de você. A mente devaneia, os olhos fecham e os sons ao seu redor já não são mais processados: é o sono chegando. E então, do nada, você sente que está caindo e acorda no susto, geralmente fazendo algum movimento repentino. Já passou por isso, leitor?

Pois isso tem nome: mioclonia noturna, o tipo mais comum de mioclonia do sono. Trata-se de um espasmo involuntário enquanto a gente dorme (ou, mais frequentemente, enquanto estamos pegando no sono), muitas vezes acompanhado por alucinações ou sensação de queda livre. Ela pode envolver um único músculo ou vários deles e não há como ser controlada. O indivíduo pode despertar assustado e ter dificuldade para voltar a dormir.

A mioclonia não é uma doença — ela é o nome do espasmo involuntário. Não acontece só no transporte: pode perfeitamente ocorrer dentro de casa, na cama da pessoa, no meio da noite, e até mais de uma vez por minuto. Ela é mais comum na infância, porém pode perdurar durante a vida adulta.

Inclusive, em recém-nascidos, a mioclonia é bastante comum e desaparece naturalmente entre duas e quatro semanas após o nascimento — o que não impede, porém, que pais e médicos confundam o sintoma com epilepsia.

Mas por que ela acontece? Os médicos ainda não sabem com certeza absoluta. Sabe-se que esses espasmos começam na mesma parte do cérebro que controla o instinto de sobressalto. Uma das hipóteses é que, quando a gente pega no sono, possa ocorrer uma falha na comunicação entre os nervos do tronco cerebral reticular, criando uma reação que leva ao espasmo.

Por exemplo, pode ser que, quando seus músculos relaxam completamente, mesmo sendo uma parte normal do processo de adormecer, seu cérebro interprete erroneamente que você está caindo e reaja contraindo os músculos. Outra teoria é que os espasmos sejam uma reação física às imagens que vemos nos sonhos.

Afinal, é motivo de preocupação?

Existem várias divisões possíveis para a mioclonia, mas, para este artigo, podemos simplificar em dois tipos principais: a fisiológica e a patológica. A fisiológica é a que descrevemos anteriormente — em geral, é inofensiva e não está relacionada a nenhum problema de saúde.

A patológica é a que acontece em consequência de algumas doenças, hábitos e outros eventos. Isso inclui:

  • Doenças neurológicas (Parkinson, Alzheimer, epilepsia, esclerose múltipla, etc.)
  • Uso de alguns medicamentos, em especial opióides, antidepressivos e antipsicóticos
  • Lesões no cérebro, na medula espinhal ou em outros lugares que afetem o sistema nervoso
  • Sequela de AVC
  • Quadros infecciosos, como herpes e doença de Lyme
  • Algumas formas de câncer, como leucemia, linfoma e neuroblastoma

Além disso, também há outros tipos de espasmos que podem ocorrer durante o sono e são causados por outros quadros, como:

  • Síndrome de Lennox-Gastaut
  • Epilepsia mioclônica juvenil (EMJ)
  • Síndrome das pernas inquietas (SPI)
  • Fasciculações
  • Movimentos periódicos dos membros durante o sono (MPMS)

A mioclonia noturna só exige tratamento se estiver interferindo com a qualidade de vida e/ou do sono da pessoa. Se for o caso, um médico deve ser procurado para fazer o diagnóstico apropriado e propor um tratamento.

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