ANUNCIE AQUI
Não, as baratas não sobreviveriam a um apocalipse nuclear. Mas só de pensar na possibilidade, a história ganha rumos interessantes. Isso porque esses insetos são conhecidos pela sua reputação de resiliência, o que sustentou a crença de que elas sobreviveriam não somente à explosões de bombas nucleares, mas também à exposição de radiação subsequente.
O mito tem origem em rumores de 1945, quando os Estados Unidos atacou o Japão com os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki. Após o acontecimento, há rumores de que as baratas prosperaram em meio aos escombros. Porém, Tilman Ruff, da Escola de População e Saúde Global, afirma que nunca viu quaisquer evidências documentadas.
“Eu certamente já vi fotos de pessoas feridas em Hiroshima, com muitas moscas por perto, e você pode imaginar que alguns insetos teriam sobrevivido. Mas eles ainda teriam sido afetados, mesmo que parecessem mais resistentes que os humanos”, declarou em comunicado ao site da Universidade de Melbourne.
Apesar das baratas serem cerca de seis a 15 vezes mais resistentes à radiação do que os seres humanos, elas ainda perdem para as moscas-da-fruta. Esse comparativo, revela que tratar sobre os efeitos da radiação nos organismos é levar em consideração todos os seres vivos e a maneira como se relacionam no ambiente.
De amadas por poucos a odiadas por muitos, as baratas compõem uma significativa população de insetos terrestres. Hoje, existem mais de quatro mil espécies, desde as selvagens americanas e alemãs – aquelas encontradas nos cantos da cozinha – até as australianas – repletas de padrões coloridos e chamativos.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2025/h/f/XU7t1CTQy77eazN7DuMQ/formigas.jpg)
Além de se reproduzirem com agilidade, esses insetos são naturalmente protegidos pelas suas características genéticas. “Elas são bem protegidas. Se você tentar esmagar uma barata, ela geralmente exala um cheiro desagradável que funciona como um impedimento eficaz para qualquer coisa que tente capturá-la. Elas são planas, então podem escapar para lugares de difícil acesso”, contempla Mark Elgar, da Escola de Biociências da Universidade de Melbourne.
Mas, um dos principais motivos que justificam a não sobrevivência desses pequenos animais é simples: fome.
As baratas se alimentam de detritos de outros organismos vivos. Caso ocorra qualquer forma de apocalipse, esses insetos poderiam, por um tempo, comer cadáveres e outros materiais em decomposição até não haver mais comida. “A realidade é que muito pouco, ou quase nada, sobreviverá a uma grande catástrofe nuclear, então, a longo prazo, não importa se você é uma barata ou não”, afirma Elgar.
Boatos por boatos não se fundamentam como ciência, apesar de se popularizarem. Para comprovar – ou refutar – o discurso de que as baratas sobreviveriam a um apocalipse nuclear, a série americana Mythbusters expôs baratas à materiais radioativos. O resultado é o que já sabemos: elas não sobreviveram, mas, de fato, morreriam depois dos seres humanos.
Para Elgar, os resultados desse teste são questionáveis. Isso porque a produção do programa avaliou apenas quantos dias as baratas viveriam após a exposição às ondas radioativas, quando também deveriam ter avaliado a capacidade delas se reproduzirem e gerarem descendentes.
Assim como os seres humanos – e demais organismos vivos –, as baratas seriam afetadas pela radiação ionizante de uma explosão nuclear porque teriam o seu material genético, o DNA, danificado. Doses baixas e prolongadas de radiação podem levar a doenças como câncer e aumentar o risco de doenças cardiovasculares, enquanto doses altas podem matar células.