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A constelação de satélites Starlink, operada pela SpaceX de Elon Musk, está se tornando uma presença cada vez mais visível (e passageira) nos céus da Terra. Segundo estimativas do astrônomo Jonathan McDowell, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, entre um e dois satélites Starlink reentram na atmosfera terrestre todos os dias. E esse número deve aumentar para até cinco detritos nos próximos anos, conforme a empresa continua expandindo sua rede de internet via satélite.
Vídeos publicados nas últimas semanas nas redes sociais mostram rastros luminosos cruzando o céu sobre regiões do Canadá e dos Estados Unidos, confundindo observadores que acreditavam ver meteoros. Na verdade, tratavam-se de satélites Starlink queimando ao reentrar na atmosfera e se desintegrando completamente antes de atingir o solo. Veja:
Céu cada vez mais congestionado
Desde 2019, a SpaceX lançou milhares de satélites para formar sua constelação de comunicação global. Atualmente, cerca de 8.500 satélites Starlink estão ativos, de um total de aproximadamente 12 mil em operação na órbita baixa da Terra (LEO).
A empresa ainda planeja expandir esse número para até 40 mil unidades nas próximas décadas, enquanto concorrentes como a Amazon iniciam projetos semelhantes, como o sistema Project Kuiper, que deve adicionar mais de 3.000 satélites à órbita. O rápido crescimento preocupa cientistas e autoridades aeroespaciais.
“Com todas as constelações implantadas, esperamos cerca de 30 mil satélites em órbita baixa e talvez outros 20 mil em altitudes maiores, de sistemas chineses”, afirma McDowell ao site EarthSky. Segundo ele, o congestionamento orbital aumenta a probabilidade de colisões e o risco de uma síndrome de Kessler — reação em cadeia de impactos que pode gerar nuvens de detritos capazes de inutilizar a órbita por décadas.
Riscos e impactos ambientais
Embora a SpaceX garanta que seus satélites se desintegram completamente na reentrada, a queima desses equipamentos libera metais e compostos na estratosfera, como partículas de óxido de alumínio. Como lembra o site Futurism, estudos preliminares apontam que essas emissões podem contribuir para o aquecimento da atmosfera e afetar a camada de ozônio, por mais que a magnitude desse impacto ainda seja incerta.
“Até agora, as respostas variam de ‘isso é pequeno demais para ser um problema’ a ‘já estamos ferrados’”, destaca McDowell, em entrevista ao site The Register. “A incerteza é grande o suficiente para que exista, sim, a possibilidade de estarmos danificando a atmosfera superior.”
Tudo o que sobe, um dia precisa descer
Os satélites Starlink operam em órbitas mais baixas justamente para garantir uma reentrada mais rápida e reduzir o risco de detritos permanentes. Isso, porém, significa que sua vida útil média é de cerca de cinco anos, exigindo um ciclo constante de substituição. Cálculos sugerem que, com cerca de 15 mil satélites em operação, até oito poderão ser desativados e queimados na atmosfera por dia nos próximos anos.
Para o público, o espetáculo pode até parecer belo, como trilhas luminosas cortando o céu noturno, mas os especialistas alertam que a Terra pode estar pagando um preço ambiental e de segurança pelo avanço da conectividade global. “Até agora tivemos sorte, e isso não vai durar para sempre”, destaca o astrônomo.