Artes rupestres de camelos de 12 mil anos sinalizam fontes de água no deserto

há 1 semana 5
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Em paredes de penhascos do deserto de Nefud, no norte da Arábia Saudita, camelos e outros animais foram gravados em rocha e, com o tempo, foram quase apagados em decorrência da erosão.

As artes rupestres com cerca de 12 mil anos de idade foram recentemente descobertas por uma equipe internacional de arqueólogos, que destacam o papel das gravuras em marcar antigas fontes de água no deserto.

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“Essa forma única de expressão simbólica pertence a uma identidade cultural distinta, adaptada à vida em um ambiente árido e desafiador”, afirma Faisal Al-Jibreen, integrante da Comissão de Patrimônio do Ministério da Cultura da Arábia Saudita, em comunicado.

Galeria de arte no deserto

 Maria Guagnin/Nature Communications Alguns dos painéis encontrados pelos arqueólogos estavam localizadas em até 39 metros de altura, com alguns deles medindo mais até 3 metros de comprimento e 2 metros de altura — Foto: Maria Guagnin/Nature Communications

Entre 10 a 6 mil anos atrás, a Arábia Saudita era muito mais úmida do que hoje: o atual deserto era marcado por pastagens e lagos sazonais, que eram usados por pastores e seus rebanhos.

A descoberta de novas pinturas rupestres no deserto de Nefud faz parte do projeto Green Arabia, que busca estudar mudanças climáticas e deslocamentos humanos na Arábia Saudita durante esse período úmido.

Ao todo, foram identificados mais de 60 painéis com 176 gravuras rupestres em três áreas até então inexploradas – Jebel Arnaan, Jebel Mleiha e Jebel Misma. Segundo o estudo publicado em 30 de setembro na revista científica Nature Communications, a expedição de campo feita em 2023 registrou que, das artes rupestres descobertas, 130 eram de animais tamanho real, como camelos, íbex, asnos selvagens, gazelas e auroques.

Um dos destaques vai para o painel de camelos sobrepostos, localizado em um penhasco a 39 metros de altura – indício da importância simbólica das imagens devido ao trabalho de gravá-las em superfícies tão altas e estreitas.

Em texto publicado no site The Conversation, Maria Guagnin e outros pesquisadores do estudo descreveram o caráter realista das figuras.

“Ficamos empolgados ao encontrar camadas arqueológicas intactas diretamente abaixo dos camelos gravados. Em uma dessas camadas seladas, encontramos até uma ferramenta de gravação que havia sido usada para produzir a arte rupestre”, dizem os cientistas.

Por meio da datação por luminescência – que mede quando o sedimento foi exposto à luz solar pela última vez –, eles puderam verificar que a camada onde a ferramenta foi encontrada tem cerca de 12 mil anos.

 Maria Guagnin/Nature Communications Além de representarem de animais da região, as artes rupestres possivelmente também tinham significados territoriais e de transmissão de conhecimentos entre gerações — Foto: Maria Guagnin/Nature Communications

Expansão humana no deserto arábico

A datação de gravuras e artefatos feita pelo estudo amplia a janela conhecida de quando grupos desenvolveram condições de sobrevivência no norte da Arábia após uma fase de seca extrema com o fim da última era glacial.

O reaparecimento dos lagos sazonais durante esse período é comprovado pela presença dessas artes rupestres, que serviam para marcar fontes de água importantes para as primeiras expansões humanas para o interior do deserto.

Mesmo que os pesquisadores ainda não saibam o motivo para escolha dessas gravuras, elas permanecem sendo mensagens importantes para a sobrevivência dos antigos no deserto.

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