22 dos 34 "sinais vitais" da Terra estão no vermelho, diz estudo. Mas o que isso significa?

há 3 semanas 15
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O novo relatório Estado do Clima 2025, publicado nesta quarta-feira (29) na revista BioScience, acendeu um sinal vermelho sobre o clima do planeta: 22 dos 34 “sinais vitais” da Terra estão em alerta máximo, enquanto os 12 restantes apresentam acentuado declínio, de acordo com o levantamento.

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O estudo, feito por uma coalizão internacional de cientistas, indica que esses sistemas estão se aproximando de pontos de inflexão climáticos capazes de empurrar o planeta para um regime de “estufa”, um estado em que o aquecimento global continuaria mesmo após uma redução significativa das emissões de carbono.

“A ultrapassagem de um ponto de inflexão pode desencadear uma cascata de outras ultrapassagens, sendo a maioria das interações desestabilizadoras”, explica William Ripple, da Universidade Estadual do Oregon, em entrevista à Live Science. Segundo o pesquisador, a Terra pode estar se aproximando de um cenário de caos climático total.

Os chamados sinais vitais – indicadores que medem a “saúde” do planeta – incluem a concentração atmosférica de dióxido de carbono e metano, o conteúdo de calor dos oceanos, as flutuações do nível do mar e a frequência de dias extremamente quentes em relação à média histórica de 1961 a 1990.

Atualmente, a Terra está 1,6°C mais quente do que era antes da industrialização. Caso não existam novas políticas climáticas efetivas, o planeta poderá atingir até 3,1°C de aquecimento até o final do século. “Essa estabilidade está agora dando lugar a um período de mudanças rápidas e perigosas”, destaca o relatório.

Entre os riscos mais graves estão o colapso das calotas polares e o derretimento do permafrost, solos permanentemente congelados que armazenam grandes quantidades de carbono. Caso esses sistemas entrem em colapso, menos energia solar será refletida de volta ao espaço e mais carbono será liberado, intensificando o aquecimento e desencadeando reações em cadeia.

 Mayke Toscano/Gcom-MT A cobertura vegetal da Floresta Amazônica é um dos 12 indicadores que ainda não está em alerta máximo, mas que está sob necessidade de vigilância contínua — Foto: Mayke Toscano/Gcom-MT

O relatório identifica quatro riscos climáticos críticos: o ciclo do efeito estufa, a perda de biodiversidade, a escassez de água doce e o enfraquecimento da Circulação Meridional de Revolvimento do Atlântico (AMOC), sistema de correntes oceânicas responsável por transportar calor para o Hemisfério Norte.

Apesar do cenário alarmante, os cientistas afirmam que ainda há tempo para reverter a crise. Ripple ressaltou que algumas nações conseguiram acabar com o uso de carvão e reduzir os vazamentos de metano. Países como o Reino Unido, a Irlanda, a Suíça e a Noruega já eliminaram o carvão de suas matrizes energéticas, enquanto a União Europeia e a Nigéria fizeram progressos na redução de emissões.

As taxas de desmatamento na Amazônia também caíram e a energia renovável segue batendo recordes de produção. “Este relatório é tanto um alerta quanto um apelo à ação”, reforçou Ripple.

 BioScience O aquecimento global é proporcional à quantidade de carbono emitido para a atmosfera por diferentes atividades, sobretudo as antrópicas — Foto: BioScience

Entre as principais mensagens do relatório estão o recorde histórico de dióxido de carbono, o aquecimento global acelerado e a degradação crescente dos ecossistemas marinhos e florestais. “Nos últimos anos, indicadores vitais têm batido recordes por margens extraordinárias — como a temperatura da superfície, o calor dos oceanos, a perda de gelo marinho e a cobertura arbórea destruída por incêndios”, observou Johan Rockström, do Instituto Potsdam para Pesquisa do Impacto Climático.

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