ANUNCIE AQUI
Povos que viviam na América do Sul antes da chegada de Cristóvão Colombo tinham a prática funerária de fundir máscaras aos rostos dos mortos. Após séculos, pesquisadores conseguiram descobrir, com a ajuda da tecnologia, como eram os rostos de quatro indígenas com “máscaras mortuárias” que viveram no atual território da Colômbia entre os séculos 13 e 18.
No grupo, estão uma criança que aparenta ter 6 ou 7 anos, uma mulher idosa com cerca de 60 anos e dois jovens. O quarteto foi enterrado com máscaras que contornavam os olhos e eram feitas de cera, resina, argila e milho. “As máscaras são de um acabamento extraordinário e, até o momento, são as únicas que se sabe existirem na Colômbia”, afirma Felipe Cárdenas-Arroyo, em comunicado.
Como os túmulos desses cadávers foram saqueados, os arqueólogos possuem poucas informações sobre eles. De acordo com pesquisadores do Instituto Colombiano de Antropologia e História responsáveis por obter os corpos mumificados dos indígenas, seu disfarce estava fundido ao rosto. Essa cobertura revestia todo o rosto e a mandíbula de cada corpo mumificado.
Para ver a face das pessoas enterrados, os crânios com máscaras foram capturados por uma tomografia computadorizada (TC), feita pela equipe de pesquisa do Laboratório Facial da Universidade John Moores de Liverpool, na Inglaterra. Através desse aparato tecnológico, foi possível obter imagens detalhadas de raios-X em 2D, em diferentes perspectivas, que juntas criaram um modelo 3D da reconstrução facial. Veja abaixo:
Dessa forma, as máscaras foram removidas digitalmente e os pesquisadores conseguiram ver o crânio dos antigos humanos.
Depois, a tarefa envolveu a recriação dos rostos. Para isso, foi usado um software capaz de adicionar músculo e gordura no rosto através de uma caneta com sensor tátil. No caso dos dois homens jovens, a equipe usou a estrutura facial dos homens colombianos modernos como base para o preenchimento de tecido mole.
Entretanto, os pesquisadores se basearam em suposições para a reconstrução do rosto da idosa e da criança, pois não tinham informações sobre quantidade de músculo e gordura deste grupo. A equipe se baseou nas cores dos olhos e nos tons de pele dos colombianos para dar os retoques finais. Além disso, acrescentaram texturas da pele como sardas, rugas, cílios e poros.
“A textura é sempre o maior desafio, simplesmente porque não sabemos como eles se apresentariam, se têm cicatrizes ou tatuagens no rosto, ou se esse é realmente o tom de pele”, disse Jessica Liu, gerente de projetos do Face Lab, em entrevista à Live Science.
“O que apresentamos em termos de textura é uma representação média, com base no que sabemos sobre esses indivíduos.” Os pesquisadores ressaltam, no entanto, que as imagens são interpretações científicas, e não significam que os indivíduos realmente possuem a aparência representada.
Os rostos foram publicamente expostos pela primeira vez em agosto, durante o Congresso Mundial de Estudos de Múmias, no Peru. “Estamos entusiasmados e privilegiados por estarmos envolvidos neste projeto, que destaca as práticas culturais fascinantes dos povos indígenas da América do Sul. Esperamos que revelar os rostos pela primeira vez aumente o interesse por essas civilizações incríveis”, afirma Liu.