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A consolidação do mercado brasileiro de banda larga pode estar entrando em uma nova fase, entende a UBS BB. Segundo a área de pesquisa do banco, uma eventual compra da Desktop pela Claro marcaria a primeira aquisição de um grande provedor regional por uma tele nacional e poderia sinalizar o início de uma onda de operações mais ampla.
O cenário onde as grandes operadoras adquirem os ISPs locais foi identificado pela UBS BB como um dos possíveis caminhos para a consolidação na banda larga. A medida permitiria ritmo mais veloz na conversão de redes para fibra (FTTH) e maiores sinergias com despesas operacionais e backhaul em casos de alta sobreposição (overlap) de redes.
Neste sentido, o relatório fez uma avaliação da potencial sobreposição de redes entre os líderes de mercado e os principais players regionais. O exercício considerou a porcentagem de assinantes dos ISPs que se sobrepõe à Claro (AMX) ou à Vivo (TEF-BZ), em mercados onde ambas têm uma quota de mercado acima de 10%. Confira no gráfico abaixo:
Porcentagem de assinantes dos ISPs que se sobrepõe à Claro (AMX) ou à Vivo (TEF-BZ), em mercados onde ambas têm uma quota de mercado acima de 10%. Fonte: UBS BB, a partir de informações da AnatelOs números indicam a Nio (ex-Oi Fibra, hoje detida pela V.tal) com sobreposição de rede de 70% na comparação com a Claro e de 54% perante a Vivo. No caso da paulista Desktop – que já foi alvo da Vivo, antes das negociações com a Claro -, esse overlap seria de 69% nos dois casos.
Já Vero, Alares e Alloha teriam sobreposição com incumbentes em corredores amplos do Sul e Sudeste, o que poderia gerar uma complementaridade "mais limpa", com "menos picos municipais agudos", afirma a UBS BB. "Porém, a adjacência de rede seria menor, o que pode reduzir o potencial de sinergias".
Aspecto concorrencial
Ainda que colocando a sobreposição de redes como um aspecto positivo para eventuais negócios por conta das sinergias, o relatório também nota que negociações entre players atuantes em uma mesma geografia podem gerar maior escrutínio por parte da Anatel.
"A análise de anuência prévia da Anatel é feita município a município: a agência identifica os municípios onde uma fusão resultaria em participações em torno de 50% ou mais e, em seguida, avalia barreiras à entrada e rivalidade local, atribuindo maior peso às cidades com maior população", aponta o UBS BB.
Nestes casos, "remédios comportamentais (como obrigações de cobertura) seriam o cenário-base, em vez de desinvestimentos estruturais", indica o relatório, a partir de diálogo com especialistas em regulação.
"Qualquer movimento inorgânico por parte das incumbentes, portanto, atrairia uma análise mais profunda da Anatel, com o escrutínio sendo guiado pela concentração local, e não pela presença nacional", completa a análise. No possível negócio Claro-Desktop, a barreira de 50% de market share seria ultrapassada em 72 cidades, exemplifica a UBS BB.
Mudança de dinâmica
O relatório também destacou mudanças de dinâmica que têm marcado o cenário competitivo na banda larga nos últimos trimestres.
"Tendências recentes mostram que as grandes operadoras estão crescendo mais rápido que ISPs regionais em base e receita de banda larga, impulsionadas pela substituição para FTTH e pela tração dos combos. Muitos ISPs vêm registrando uma expansão de base mais lenta e adições líquidas sequenciais mais fracas", nota a UBS BB.
No cenário, também tem havido forte aposta em consolidações regionais entre os próprios ISPs, com foco no adensamento de clusters vizinhos e na redução de custos unitários por meio de operações compartilhadas.

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