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O presidente da Conexis Brasil Digital, Marcos Ferrari, afirmou na última terça-feira, 30, que o Redata (Regime Especial de Tributação para Serviços de Datacenter) representa uma "ótima oportunidade" para que o Brasil se posicione como um centro de dados e inteligência artificial na América Latina.
As declarações foram feitas na terceira edição do Brasília Summit, realizado pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) na capital federal.
Ferrari, que preside a entidade que representa as grandes operadoras de telecomunicações no Brasil, disse que o grande valor de um data center não é apenas o armazenamento, mas principalmente o processamento de dados.
Para o executivo, o regime tributário especial poderia ajudar o Brasil a reverter a concentração de data centers. Cerca de 90% de todos os centros de processamento de dados no Brasil estão instalados no eixo Rio-São Paulo, de acordo com ele.
Redata
"O Redata, que foi lançado recentemente pelo governo, é uma ótima oportunidade para que possamos, de fato, transformar o Brasil num hub de data centers no qual nós podemos, não só armazenar, mas principalmente processar dados", afirmou Ferrari.
Apesar de o Brasil ser o primeiro em número de data centers na América Latina, o presidente da Conexis lembrou que a região representa apenas 2% do total de data centers no mundo. "Temos muito o que avançar", comentou. Segundo ele, a política do Redata pode ser um "bom começo" para a ampliação e consolidação do País como um grande hub de dados.
O presidente da Conexis também associou o regime ao conceito de "soberania digital". Ele argumentou que a política pode ser fundamental para reverter a tendência de os dados brasileiros serem armazenados no exterior, citando o fato de 60% deles estarem concentrados na Virgínia (Estados Unidos).
Setor
Enquanto Ferrari discursava em Brasília, associações e empresas do setor estavam em São Paulo na Futurecom avaliando a implementação do regime no País. A Medida Provisória (nº 1.318/2025) que criou o Redata foi assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no último dia 17 de setembro.
Apesar de avaliarem a medida importante para o desenvolvimento do mercado de data centers no Brasil, a avaliação dos empresários é de que, sozinho, o Redata não resolve tudo.
O presidente da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e Tecnologias Digitais (Brasscom), Affonso Nina, disse, por exemplo, que o ideal seria chegar a um equilíbrio entre a produção local e os incentivos à importação, por meio de redução de impostos.
O vice-presidente do conselho da Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes), Rodolfo Fucher, afirmou que, com a MP tramitando no Congresso, o setor deve "assegurar que ela não se transforme em um problema".
Já o Marcos Siqueira, CRO e head de Estratégia da Ascenty brasileira Ascenty (dona de 38 data centers), disse que players internacionais receberam o Redata de forma "muito positiva". No entanto, ele ponderou que o regime só alcança os tributos federais e que seria preciso tratar da cobrança estadual do ICMS.
Situação do regime
Apesar do regime jurídico já ter sido criado, a aplicação prática dele ainda depende de regulamentações, habilitação de empresas, e implementação efetiva pelas agências responsáveis.
Alguns benefícios, por exemplo, só devem valer em datas futuras. Um exemplo disso é a isenção do Imposto de Importação para equipamentos, que está prevista para entre 2026 e 2028 em alguns casos. Além disso, também há prazos para que o Redata seja integrado aos efeitos da reforma tributária.