Quanto mais velhos ficamos, menor quantidade de músicas favoritas nós temos

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Enquanto crescemos, nós aprendemos coisas novas e, claro, recebemos estímulos diferentes, como ouvir música. Embora novos artistas continuem surgindo, nosso gosto musical tende a se tornar mais restrito à medida que envelhecemos. Isto é o que revelou um estudo publicado em junho no periódico ACM Digital Library e divulgado no último dia 9 de setembro.

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Pesquisadores da Universidade de Primorska, na Eslovênia, e das universidades de Gotemburgo e de Jönköping, na Suécia, utilizaram na pesquisa 15 anos de dados do serviço de música Last.fm. Na plataforma, os usuários compartilham seus hábitos de audição de música que cultivam em serviços de streaming, como o Spotify.

Como os usuários do Last.fm podem inserir a idade ao se cadastrar, foi possível vincular os hábitos de audição à idade. Ao todo, os especialistas analisaram os hábitos de mais de 400.000 ouvintes, que realizaram mais de 542 milhões de reproduções de mais de 1 milhão de músicas diferentes.

“No estudo, podemos acompanhar como a audição musical muda ao longo do tempo", disse Alan Said, da Universidade de Gotemburgo e coautor da pesquisa, em comunicado. "Quando empresas como o Spotify tentam desenvolver recomendações musicais para seus clientes, elas não consideram necessariamente os hábitos de audição ao longo da vida dos usuários.”

Dessa forma, o pioneirismo do estudo poderá auxiliar na melhora dos sistemas de recomendação de músicas, como os do próprio Spotify e do Deezer. "Um serviço que recomenda o mesmo tipo de música da mesma forma para todos corre o risco de não encontrar o que diferentes grupos realmente desejam", analisa Said.

O pesquisador explica que os mais jovens podem se beneficiar de recomendações que misturem os sucessos mais recentes com sugestões de músicas mais antigas que ainda não descobriram. Ouvintes de meia-idade, por sua vez, apreciam um "equilíbrio entre o novo e o conhecido", enquanto pessoas mais velhas desejam recomendações mais personalizadas que reflitam seus gostos pessoais, com um gosto de nostalgia.

 Rosenfeld Media/Flickr O estudo poderá servir de base para que os sistemas de recomendações de plataformas de música analisem o comportamento de seus usuários por um período prolongado — Foto: Rosenfeld Media/Flickr

Do funk ao tecno, do MPB ao pop, os mais jovens escutam uma variedade mais ampla de músicas e, além disso, seguem tendências da cultura popular. É no período da adolescência para a idade adulta que mais gêneros e artistas musicais são explorados.

Com a idade, essa “vontade” de experimentar se esvazia e as escolhas musicais se tornam mais pessoais e emotivas, segundo o estudo.

 Pexels A maioria das pessoas com 65 anos ou mais não embarcam em uma “jornada” de exploração musical, possuindo um gosto mais específico — Foto: Pexels

"Quando você é jovem, quer experimentar tudo. Você não vai a um festival de música só para ouvir uma banda específica, mas quando se torna adulto, geralmente encontra um estilo de música com o qual se identifica. As paradas de sucesso perdem a importância", afirmou Said.

Essa mudança, segundo o especialista, ocorre pelo apego afetivo que as pessoas mais velhas desenvolvem pelos seus artistas, álbuns e gêneros favoritos. A partir da meia-idade, quem acompanha esses ouvintes costumam ser as canções que marcaram a sua juventude, ou que se tornaram a “trilha sonora de suas vidas”.

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