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O Comitê Norueguês do Nobel afirmou nesta sexta-feira (10) que sua decisão de conceder o Prêmio Nobel da Paz de 2025 à venezuelana Maria Corina Machado foi guiada por “coragem e integridade”, em meio à campanha pública do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que vinha insistindo em ser reconhecido com a honraria.
Questionado sobre a pressão de Trump, o presidente do comitê, Jørgen Watne Frydnes, declarou que “em toda a longa história do Prêmio Nobel da Paz, este comitê já viu todos os tipos de campanhas e atenção midiática”. Ele acrescentou que o grupo “se reúne em uma sala repleta de retratos de laureados, um espaço cheio de coragem e integridade”, numa resposta vista como uma defesa da independência da instituição diante das pressões políticas.
A escolha de Machado, principal líder da oposição ao regime de Nicolás Maduro, frustrou as expectativas de Trump, que dizia merecer o prêmio por ter “resolvido oito guerras”, entre elas um suposto acordo de paz entre Israel e Palestina.
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O Comitê do Nobel justificou a premiação destacando a “luta incansável de Machado pela democracia e por uma transição pacífica do autoritarismo à liberdade na Venezuela”. A opositora está escondida no país desde as eleições de 2024, amplamente denunciadas como fraudulentas pela comunidade internacional.
Apesar de a decisão contrariar os apelos de Trump, a escolha da venezuelana coincide com o aumento da pressão dos Estados Unidos sobre o governo Maduro. O republicano tem reforçado a presença naval americana perto da Venezuela e endurecido o discurso contra o regime, sob o argumento de combater o narcotráfico.
Em agosto, Machado chegou a agradecer publicamente a Trump, afirmando na rede X que os venezuelanos reconheciam as “ações firmes e decisivas para desmontar a estrutura criminosa e terrorista que se mantém no poder”.
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Segundo veículos internacionais, houve preocupação dentro do governo norueguês com as possíveis repercussões de não premiar Trump, após ele ter ligado para o ministro das Finanças e ex-chefe da Otan, Jens Stoltenberg, para discutir o tema. Ainda assim, o comitê manteve a decisão de premiar Machado, considerada símbolo global da resistência pacífica e da luta pela democracia.
Analistas apontam que Trump tinha poucas chances reais de vencer neste ano, já que o prêmio se refere a ações realizadas em 2024, período em que ele ainda não havia reassumido a Presidência dos EUA. O nome do republicano, no entanto, pode voltar a ser cogitado em 2026, caso avance em mediações de paz entre Israel, Palestina, Rússia e Ucrânia.