Na gringa, especialmente nos países anglo-saxões, é comemorado na data de 31 de outubro o Halloween (também conhecido como Dia das Bruxas), em que as pessoas se fantasiam de personagens de filmes, livros e memes, normalmente assustadores, para confraternizações e trocas de doces. Embora esse evento cultural tenha sido importado para o Brasil, também comemoramos nesta data o Dia do Saci, uma homenagem ao lendário Saci-Pererê.
A escolha da data não foi ao acaso. Pelo contrário, segundo a BBC, tratou-se de uma resposta direta ao incômodo que a Sociedade de Observadores de Saci (Sosaci) sentiu ao reparar o avanço do Halloween no país. Assim, em 2003, a organização, liderada pelo jornalista e geógrafo Mouzar Benedito, decidiu propor em São Luiz do Paraitinga (SP) uma celebração que exaltasse o folclore brasileiro.
O município foi o primeiro a instituir o Dia do Saci. Logo em seguida, a data também foi reconhecida no estado de São Paulo e se apresentou o projeto de lei federal nº 2.762/2003, que oficializava a data como o Dia Nacional do Saci-Pererê. A intenção, era oferecer à juventude brasileira uma alternativa para festejar o que é próprio, sem depender apenas de tradições estrangeiras, destaca o Guia do Estudante.
De mito a símbolo decolonial
Saci-Pererê, o personagem no centro dessa mobilização cultural e política, tem uma longa trajetória. Acredita-se que a sua origem remonta aos séculos 18 e 19, entre povos guaranis do sul do Brasil. Com o tempo, o mito indígena se fundiu a influências africanas e europeias, dando forma ao Saci-Pererê que conhecemos hoje: o menino negro, de uma perna só e gorro vermelho, sempre envolto em redemoinhos.
Saci cavalgando redemoinho, impresso no livro infantil de Monteiro Lobato "O Sacy", de 1921 — Foto: Wikimedia Commons Como lembra a TV UFMG, o escritor Monteiro Lobato teve papel decisivo nessa construção. Em 1917, ele lançou O Saci-Pererê: Resultado de um Inquérito, livro que reuniu relatos de leitores e consolidou o personagem como figura central do imaginário nacional. Décadas depois, o Saci voltaria a aparecer nas histórias do Sítio do Picapau Amarelo, tornando-se parte do repertório infantil de gerações.
Para alguns estudiosos, o “moleque travesso” pode ser interpretado como uma alegoria do próprio processo de miscigenação brasileira, em que o encontro de culturas moldou o país e seus moradores. Para eles, celebrar o 31 de outubro como o Dia do Saci não é negar outras tradições, mas reconectar o país à sua própria história, como um ato decolonial, valorizando aquilo que nos é mais familiar e afetivo.

há 3 semanas
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