Políticas para data centers dividem visões entre mercado, governo e associações

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As políticas nacionais para data centers – especialmente entre a defesa de incentivos tributários e a preocupação com a soberania digital e os custos de energia – esquentaram os ânimos entre representantes do setor privado, governo e associações, durante painel Data Centers: a revolução industrial no Brasil, nesta terça-feira, 30, no Futurecom, em São Paulo.

 Debate sobre Data Centers, no FUTURECOMFoto: Debate sobre Data Centers, no FUTURECOM

Thiago Camargo, vice-presidente da Invest-SP, criticou o ReData, programa instituído por Medida Provisória pelo Governo Federal. “Não é tão simples quanto parece”, disse Camargo. Ele defendeu que o tema Data Centers seja tratado de forma mais ampla, incluindo desembaraço aduaneiro e transmissão de energia.

Ao trazer o exemplo de SP, o representante da Invest-SP revelou que, “de 2023 a 2026, mais ou menos R$ 500 bilhões entraram nesta política de regime tributário diferenciado; e, destes, quase R$ 110 bilhões foram para regime diferenciado de data centers; porém, apenas uma empresa apresentou interesse e trouxe retorno ao estado.”

Acerca dos problemas enfrentados pelo Brasil nesta implementação de políticas para Data Centers, Camargo cita o caso de Fortaleza, no Ceará. “O caso do Ceará, com as ZPEs, é dinheiro do contribuinte brasileiro para subsidiar tecnologia de dados de outros países, pro TikTok; foi uma coisa errada gerando outra coisa errada”, criticou.

Sob o ponto de vista empresarial, Marcos Siqueira, da Ascenty, afirmou que a Medida Provisória do ReData trouxe otimismo. Segundo ele, o mercado recebeu a Medida Provisória de forma muito significativa. “Sei de investidores que investirão um bilhão em um data center. Clientes internacionais já nos procuraram, querem conversar com o governo”. Siqueira citou o Chile como exemplo de país que resolveu entraves tributários e atraiu investimentos.

Dados sensíveis e soberania digital

Outro ponto de divergência sobre políticas para Data Centers esteve entre os usos voltados ao setor privado internacional e aqueles ligados a dados críticos do Estado. Bruno Gonçalves, do IBGE, ressaltou que o órgão tem firmado convênios com Dataprev e Serpro para integrar a nuvem soberana. “O governo precisa ter governança dos dados. ReData é um caminho para estimular a criação de data centers para dados sensíveis do governo para que esses dados fiquem no país”, afirmou.

Igualmente ao IBGE, Marcos Arrais, da Dataprev, reforçou a necessidade de manter dados sensíveis em território nacional. “A soberania de dados advém por causa da demanda. O governo está fazendo o que é para ser feito neste momento”, defendeu.

Quanto aos impacto ambiental dos Data Centers, na visão da Brasscom, o consumo energético e hídrico não representam barreira ao crescimento do setor no Brasil. Affonso Nina destacou estudo encomendado pela entidade segundo o qual, em 2029, o consumo de água por data centers será de apenas 0,008%.

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